A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, voltou a defender que se não fosse o agronegócio, o Brasil estaria passando por um pedaço muito pior da história. “Tivemos o serviço, o comércio e a indústria com muitas empresas fechadas, por conta do isolamento. Mas o agronegócio soube se reinventar, trabalhar com segurança, produzir e abastecer”, afirmou ao participar da abertura do Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas, esse ano realizado em formato digital.
Convidada para falar do “Agronegócio brasileiro no contexto atual e seus desafios”, a ministra destacou que ninguém tem dúvida da importância desse setor para a economia. Ela lembrou que há cerca de 50 anos, o País era dependente da importação de alimentos. E que, com investimentos em pesquisa e inovação, não só supriu a necessidade interna como se tornou um grande exportador para diversos países do mundo.
A ministra afirmou que o desafio agora é continuar crescendo. “Indicativos de vendas de fertilizantes, defensivos e sementes mostram que a safra deve continuar crescendo, mesmo sofrendo muitos questionamentos da sociedade urbana, talvez daqueles que não conseguem entender o sucesso desse segmento tão importante para nossa sociedade”, apontou.
Tereza Cristina destacou o papel das mulheres no setor e defendeu o papel das cooperativas. “São elos de uma organização de várias cadeias produtivas. Quando determinados setores trabalham com esse sistema de integração ou cooperação tendem a sofrer menos, com nas grandes crises, como a que tivemos agora.”
Produção
A presidente da Sociedade Rural Brasileira, Teresa Vendramini, que dividiu o painel com a ministra, também ressaltou o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, lembrando que a produção agrícola saltou 385%, em pouco mais de 40 anos, enquanto que a área agrícola, em igual período, avançou 32%. “O agronegócio no Brasil aumenta pela produtividade e não pela área. Nós sabemos que o País tem uma das legislações ambientais mais rígidas do mundo”, afirmou.
A executiva apontou ainda que 2020 tem sido um momento de exportações muito fortes para o setor, com o aumento, inclusive, de países para os quais são enviados os produtos do Brasil. Enquanto muito setores amargaram queda nas exportações, o agronegócio registrou 10% de aumento nas vendas externas.
Com a previsão de receita em colheita na casa dos R$ 730 bilhões e 250 milhões de toneladas em grãos, 2020 deve ser mais um ano de safra recorde, conforme a presidente da Sociedade Rural Brasileira. Ela aponta ainda que o setor foi o único com desempenho positivo no PIB e que conseguiu gerar emprego esse ano, quando cerca de 84 mil vagas foram abertas, enquanto mais de um milhão de brasileiros ficaram desempregados.
Apesar desses resultados, a executiva disse que há muitos desafios a vencer. Ela listou a segurança jurídica, a regularização fundiária, a aprovação do CAR (Cadastro Ambiental Rural), como empecilhos que atrapalham o setor.