Moldando o mármore do mercado

Ser um novato em um mercado consolidado precisa de resiliência

Por André Rorato*

Quebrar paradigmas é como moldar o mármore para fazer uma escultura. Demanda tempo, paciência, projeto, planejamento e uma dose bem significativa de inspiração e criatividade. Claro, não se pode esquecer de “ouvidos para escutar o outro”. Entrar num mercado onde outros já dominam e repartem o bolo é quase que como entrar num coquetel, sem lugar marcado onde a maioria já formou seus grupos de conversas. Mas a resiliência e a inovação podem ser uma boa “arma” para ganhar olhares.

André Rorato, vice-presidente da LS Mtron

A percepção que a grande maioria dos produtores rurais brasileiros principalmente aqueles que estão na faixa de média e pequena potência, ainda trabalhavam com tratores cujo conceito construtivo fora concebido na década de 80, foi a chave que acendeu a luz para a decisão de oferecer ao Brasil produtos que tinham “pequenos” diferenciais, mas que diante do que havia aqui, pareceriam grandes. E foram estas diferenças como um eixo dianteiro blindado, vão livre maior, por exemplo, que transformaram um projeto de médio e longo prazo de conquista de pontos percentuais de mercado em uma realidade totalmente diferente, uma obra consistente, que hoje conta com mais de 60 pontos de vendas em todo o País e um quinto lugar no ranking de fabricantes de tratores.

Estas pequenas diferenças passaram a ser percebidas pelos produtores e provocaram uma sutil mudança naquilo que o produtor começou a buscar em um trator. Provavelmente isto aconteceu porque trouxe ao consciente desejos que estavam contidos neste consumidor e que, felizmente, começou a ser atendido através dos produtos da LS Tractor.

Quando se fala em oferecer novas tecnologias, a princípio e grosso modo, parece que estamos falando de coisas fantásticas, robotizadas, que falam e executam tarefas por sua própria conta. Mas nem sempre precisa ser assim. Vejam, um simples interruptor que liga e desliga a luz, é uma fantástica tecnologia. Mas se tornou tão comum, que já nem ligamos para isto. Mas disponibilizar uma tomada de força em três velocidades já de fábrica, era um desejo do produtor e que ao oferecermos, se tornou um diferencial competitivo a ponto deste consumidor passar a perguntar na concorrência, se eles também tinham esta tecnologia embarcada nos tratores, sem que fosse item acessório.

A experiência que estamos vivendo durante estes sete anos, desde a fabricação do trator n°1 eu posso dizer que é muito rica. O desafio de inovar, não só no produto, mas na forma de oferecer, de entregar, de atender às necessidades dos diversos segmentos de produção agrícola, é algo que particularmente vejo com muito entusiasmo porque novas gerações estão dando seus passos dentro da porteira, muito exigentes, muito demandantes de ferramentas digitais embarcadas nos tratores. E isto, já está forçando a nós, executivos com anos de trabalho no mercado, a uma rápida reciclagem.

A LS Tractor tem no seu DNA original o Grupo Eletroeletrônico LG. Muito atuante na busca de novas tecnologias, principalmente para acompanhar o mundo de hoje. Em nosso centro de pesquisa, na Coreia do Sul, vários projetos são desenvolvidos, testados e colocados no mercado. É de lá que veio este conceito de oferecer uma série de tecnologias embarcadas que visam a melhorar as condições operacionais do trator, a fim de ele oferecer muito mais soluções para o trabalho no campo. É dentro deste espírito que já colocamos em nossas máquinas, o pacote LS Tech, onde oferecemos “pequenas e simples” tecnologias, mas que resolvem antigos problemas do produtor. Faz parte deste pacote a telemetria, desenvolvida por um parceiro nosso, a Colven, e que permite ao gestor saber todas as tarefas realizadas por suas máquinas, instantaneamente. Isto quer dizer que mesmo com pouco tempo no mercado brasileiro, já estamos entregando soluções muito atualizadas com as demandas dos empresários rurais.

Isto quer dizer que estamos moldando o mármore, para entregar cada vez mais, obras de arte que agradem ao consumidor e que estejam dentro da realidade do nosso mercado, sem grandes tecnologias futurísticas, mas com soluções práticas para o dia a dia do campo.

*André Rorato é vice-presidente da LS Mtron

 

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