Para não errar na compra de máquinas usadas, produtor deve se atentar ao estado geral do equipamento, contando com apoio de um técnico especializado
A nova edição da revista Máquinas & Inovações Agrícolas traz uma reportagem especial sobre o mercado de máquinas usadas. A publicação destaca o crescimento deste mercado, que avança até três vezes mais do que o mercado de novos equipamentos agrícolas. Em meio ao aumento da procura por máquinas usadas, especialistas orientam sobre como acertar na escolha e garantir uma boa compra.
O mais importante, segundo o professor Kleber Pereira Lanças, do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, é se certificar sobre o estado geral da máquina usada. “O produtor nunca deve fechar negócio sem saber se a manutenção está em dia e qual é o nível de desgaste dos componentes. Afinal, sem esses parâmetros não dá para dizer se vale a pena ou não o investimento”, diz.
Nesse ponto, Lanças afirma que acaba sendo mais ou menos o mesmo processo de revisão antes da compra de um carro. A diferença é que, no mercado de máquinas usadas, o ideal é ter um parecer de um técnico especializado nesse tipo de equipamento.
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Marcelo Kozar, diretor executivo do Grupo Via Máquinas, diz que as pessoas tendem a comparar o mercado de máquinas agrícolas com o de veículos, mas explica que são dois nichos completamente distintos.
“Máquinas e equipamentos agrícolas não são veículos. Ou seja, não são bens de consumo, mas, sim, bens de capital. São equipamentos desenvolvidos para gerar riqueza. E, para comprar um bem de capital, é necessário ter apoio de um especialista, alguém que realmente entenda o equipamento e sua aplicabilidade”, pontua.
Um bom técnico consegue dar um primeiro diagnóstico até mesmo a partir da vibração e do ruído do equipamento. Isso porque esses fatores são capazes de indicar se a máquina está com folgas nas peças, com componentes desgastados ou com problemas mais graves.
Atenção peça por peça
No caso de uma máquina grande, o principal elemento a ser analisado é o motor. Além de sua importância para o bom funcionamento do equipamento, trata-se de um componente mais caro e que precisa ser prioridade no momento da análise. É necessário observar o tempo de uso, se não está fumaceando, se há vazamentos, se a potência está sendo atingida, entre outros detalhes.
Com o motor em dia, parte-se para uma análise criteriosa e individual dos outros componentes da máquina, desde as transmissões, rolamentos, sistema de arrefecimento, caixa de mudança de marcha e todo o resto. É certo que algumas peças são mais baratas e recomenda-se a troca, mas um check-list bem-feito abrange tudo, inclusive a funilaria.
Cuidado com os anúncios online
Hoje em dia, existem muitos marketplaces voltados ao agro. Eles funcionam como as antigas “páginas amarelas”. Ou seja, trazem dados das máquinas e o contato de quem está vendendo: um produtor ou uma revenda.
E atenção! Muitos sites, inclusive, têm pessoas mal-intencionadas anunciando máquinas usadas baratas, com a intenção de se aproximar do produtor para um possível sequestro, ou que anunciam máquinas alienadas, com financiamento em atraso no banco, e até mesmo máquinas com vícios e danos não mencionados.
Por isso é preciso tomar muito cuidado, porque não é a plataforma que está oferecendo aquele equipamento, e sim os anunciantes que se cadastram nela.
Além dos marketplaces, há ainda muitas lojas online. Para evitar golpes no ambiente digital, Kozar indica ainda que o produtor deve se certificar se o site está hospedado no Brasil e sujeito à legislação nacional.
“Para descobrir isso, é muito simples: o site precisa ter o final ‘.com.br’. Isso significa que o site tem um CNPJ/CPF e, obviamente, uma pessoa que irá responder por qualquer tipo de dano”, alerta.
Outro fator a observar, conforme Kozar, é o canal usado na hora da compra. “Há muitos grupos de aplicativos como WhatsApp nos quais as pessoas publicam o anúncio de uma máquina e ela passa a ser comercializada dessa maneira, totalmente informal. O produtor deve se perguntar sobre quem é a pessoa que está vendendo. Afinal, como ele vai negociar um bem que pode ser a chave de sucesso da sua fazenda e até mesmo do futuro da própria família, via WhatsApp?”, questiona.
Alto potencial de expansão
Não dá para pensar no mercado de máquinas usadas sem falar do quanto ele é útil para o produtor que não tem condições de investir em um equipamento novo. Embora a indústria ofereça muitas opções de financiamento, quem opta por um usado normalmente tem de arcar com os custos à vista, mas acaba compensando porque é possível obter uma grande economia.
No caso dos pequenos produtores, inclusive, pode ser a única forma de conseguir se mecanizar. Agora, com a sobra dessas máquinas usadas no mercado, talvez seja o momento ideal para estar atento às oportunidades.
Para o professor Lanças, da UNESP, trata-se de uma evolução natural, porque o campo está se mecanizando cada vez mais e para praticamente todo tipo de porte de produção. “Antigamente, a aquisição de uma máquina agrícola era algo restrito aos grandes produtores. Hoje em dia, o médio e o pequeno agricultor também estão comprando máquinas.
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