Perspectivas para o agronegócio no cenário político e econômico

Alexandre Garcia participa de bate-papo com Roberto Rodrigues

 

O painel “As perspectivas do agronegócio no cenário político e econômico”, com a participação do jornalista Alexandre Garcia e de Roberto Rodrigues (engenheiro Agrônomo, Agricultor e coordenador do Centro de Agronegócios da FGV), fechou o ciclo de palestras do primeiro dia do Encontro Nacional das Mulheres Cooperativistas, realizado pelo Grupo Conecta.

Rodrigues listou, durante o bate-papo com o jornalista, os horizontes para o agronegócio brasileiro. Ele usou o  estudo divulgado pela ONU de que até 2050 será necessário crescer a produção agrícola em 60% para alimentar a população mundial, para questionar como será possível atender a essa demanda.

“A pandemia aprofundou e agilizou a busca por respostas a esse tema. As pessoas se deram conta de que era preciso comprar comida. Perceberam que é possível ficar sem comprar roupa, TV, sapato, mas não sem comida”, destacou. Essa mudança de pensamento, ao seu ver, deve intensificar a preocupação com a segurança alimentar, o que pode beneficiar o Brasil.

Para o jornalista Alexandre Garcia, o momento atual de crise pode ser entendido também como oportunidade. “Temos uma crise no mundo, que criou grande oportunidade para esse País de 8 milhões de quilômetros quadrados, sem deserto, clima excelente, sem grandes tragédias meteorológicas. A terra prometida parece que não era Israel e sim o Brasil”, assinalou.

Por outro lado, Rodrigues reconheceu que o Brasil ainda necessita de investimentos em infraestrutura, como na malha ferroviária. “Até os anos 70,  a agricultura era costeira. Ninguém queria saber de Cerrado. Mas a tecnologia permitiu avançar para lá. Os brasileiros foram para o Cerrado, a agricultura foi para lá, mas a estrada não foi, o porto não foi, o armazém não foi”, aponta.

Outro entrave está na questão da concentração das exportações. Rodrigues assinala que em 2000, a China correspondia a 2,7% do que era exportado. Ano passado, já detinha 32% de participação. “Não podemos depender de um único mercado. Isso implica em negociação diplomática”, afirma.

A questão do desmatamento ilegal, incêndios criminosos e invasão de terras por grileiros também foi apontada pelo especialista como fator de preocupação, na medida que mancham a imagem da agricultura brasileira. Essas ações, afirma, têm sido feitas não por produtores rurais, mas por criminosos.

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