Redução da Selic pode impactar o agro, mas efeitos não serão imediatos

Para especialista da FGV-Agro, à medida que a taxa de juros diminui, diversos projetos de investimentos podem se tornar economicamente viáveis

por Clarisse Sousa – Na quarta-feira, dia 2, o Banco Central (BC) anunciou a redução da Selic, a taxa básica de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por 5 votos a 4, reduzir a taxa em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano. A decisão surpreendeu o mercado financeiro, que esperava um corte de 0,25 ponto, conforme informações da “Agência Brasil”.

Em nota, o Copom avaliou que “a melhora do quadro inflacionário, refletindo em parte os impactos defasados da política monetária, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação, permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária”.

Considerando os cenários avaliados, o Copom entende que essa decisão de reduzir a Selic “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

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Na nota, o Comitê “reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

Impactos da redução da Selic na agro

Na avaliação do professor da Escola de Economia de São Paulo, da FGV-Agro, Felippe Serigati, o impacto da redução da taxa básica de juros não será imediato nos custos do setor agrícola, especialmente relacionado aos empréstimos concedidos ao produtor rural.

“Talvez o setor só sinta esses efeitos de forma mais clara no ano que vem. Além disso, mais importante do que a redução de 0,5 ponto percentual é a sinalização de que já está contratada novas reduções nas próximas reuniões do Copom. Devemos encerrar o ano com uma taxa de juros de 11.75% ao ano, que ainda é elevada”, diz Serigati.

No entanto, a redução traz sinais positivos. Segundo ele, à medida que a taxa de juros diminui, diversos projetos de investimentos podem se tornar economicamente viáveis. “É importante compreender que a taxa de juros sozinha não faz ‘milagres’. Precisamos de um ambiente econômico doméstico mais organizado e de um cenário externo menos volátil. De qualquer forma, a redução da taxa de juros, se for consistente, é uma boa notícia”, ressalta.

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A partir de agora, levará seis meses para que o produtor rural perceba, de fato, os efeitos da redução da Selic nos custos. O professor explica que esses efeitos poderão ser sentidos até 18 meses após a decisão do Copom.

“Ou seja, os efeitos da decisão sobre o mercado de crédito serão sentidos com maior intensidade somente em 2024. Acho que, no momento, a taxa de câmbio tem gerado efeitos mais imediatos sobre os custos do setor do que o início do ciclo de redução da taxa de juros”, completa.

 

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