A cafeicultora Luciana Franklin foi a vencedora da quinta edição do Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia (Concafé). A produtora levou para casa um trator cafeeiro modelo R65, da LS Tractor, com valor superior a R$ 140 mil, que era a premiação oferecida ao ganhador na categoria “Qualidade de Bebida”. O prêmio foi dado pela concessionária Maquiparts, de Vilhena, em parceria com o Consórcio Nacional LS Tractor. O 2º lugar recebeu R$ 30 mil em dinheiro e crédito; o 3º lugar, R$ 15 mil em crédito; e o 4º lugar, R$ 10 mil em crédito. Foi oferecida ainda uma secadora de café, no valor de R$ 98 mil para o cafeicultor ganhador na modalidade “Sustentabilidade”. O Concafé objetiva identificar, premiar e promover os cafés robustas de qualidade, produzidos com sustentabilidade no Estado.
“O Concafé acontece desde 2016, e nós estamos evoluindo a cada edição na qualidade dos cafés de Rondônia. Em 2016 nós tivemos apenas três cafés especiais, em 2019 nós já tivemos 54 cafés especiais e nós chegamos a esta edição, de 2020, com 103 cafés especiais”, disse o coordenador do Concafé, Janderson Dalazen.
Cone Sul
Cabixi, Corumbiara e Vilhena, cidades que fazem parte do Cone Sul do Estado, também foram premiadas. Corumbiara e Cabixi, por exemplo, conseguiram notas acima de 80 pontos no quesito bebida especial. Já Vilhena, obteve um histórico segundo lugar, uma performance considerada excelente, batendo todos os campeões de concursos anteriores.
Um cheque de R$ 30 mil foi entregue aos vencedores do Cone Sul que, a partir de agora, começam a escrever uma nova história em Rondônia. “Foi marco divisor de águas. Estamos gratos e felizes com esse importante resultado. Essa vitória é fruto de muito trabalho e empenho de todos os técnicos do Governo e parceiros envolvidos que estão ajudando a mudar essa realidade e quebrar um paradigma sobre a cultura do café na região sul do Estado”, comemorou o chefe da Emater Território Cone Sul, engenheiro Alessandro Pedralli.
Exportação
Rondônia já participa de projeto piloto de exportação do Café Robusta Amazônico pelo Porto Público de Porto Velho, que enviou, em outubro, a primeira remessa do produto genuinamente rondoniense com destino à Coreia do Sul.
Segundo o produtor e presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares da Amazônia (Lacoop), Leandro Dias Martins, quando o produto é entregue deve passar por uma análise sensorial. “O cliente que recebe o produto faz uma análise que contempla uma lista de 10 atributos como: aroma, acidez, amargor, adstringência, salinidade e outros para confirmar o atendimento das exigências do mercado. “Estamos ganhando mercado e nossa expectativa é conquistar novos clientes e até o final deste ano de 2020 enviarmos uma nova remessa do produto”, detalhou Leandro.
A carga, com aproximadamente 40 toneladas e operacionalizada pelo Grupo BDX, foi embalada de forma especial e resistente dentro da sacaria de juta, a fim de conservar o café e evitar oxidação em função da variação de temperatura e umidade.
O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-RO), Enrique Alves, explicou que a exportação do café representa uma nova janela de oportunidades para a cafeicultura do Estado de Rondônia, que é inclusive uma das mais importantes do país. “Somos um ponto de referência da cafeicultura na Amazônia, formada por agricultores familiares de pequena escala, onde são utilizadas pequenas áreas quando comparada com outras culturas como a soja que precisa de grandes áreas.
Os agricultores produzem cafés tidos como premium e especiais, agregando valor final ao produto. A tecnologia da lavoura evoluiu nos últimos 10 anos com emprego de qualidade nas etapas de produção e pós-colheita, com contínua busca pelo uso eficiente de insumos, sustentabilidade e redução do custo de produção. Assim, resulta em um produto mais puro e livre de resíduos. Esta valorização do produto final propiciou ao produtor o acesso aos mercados mais exigentes e competitivos como a Europa e Ásia”, finalizou.
Para o produtor de Cacoal e presidente da Associação dos Cafeicultores da Região das Matas de Rondônia (Caferon), Juan Travain, é momento de reunir esforços e conquistar outros mercados. “Enviamos amostras do produto para Itália, Estados Unidos da América e Holanda. Tivemos excelente aceitação e estamos em negociação para escoar o produto. Ainda não temos como definir a quantidade, pois dependerá dessa transação comercial. Divulgamos nosso produto e atingimos o objetivo. Agora precisamos estabelecer a comercialização”, afirmou Juan.
O Brasil é o maior produtor, exportador e segundo maior mercado consumidor de café. Possui uma cafeicultura plural e diversificada, com muitos aromas e sabores originados em lavouras das espécies arábica e canéfora (Conilon e Robusta), cultivadas de norte a sul do país.
Rondônia é responsável por 97% de todo o café produzido na Amazônia, é o 5º maior produtor de café do país e o 2° da espécie canéfora, o café produzido em Rondônia é denominado Robusta Amazônico.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o café é produzido por cerca de 17 mil produtores familiares. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que em 2020 foram mais de 63,6 mil hectares destinados à cafeicultura em Rondônia, representando aumento de 1,3% em relação à área em produção utilizada em 2019. A produtividade média foi de 38,29 sacas/hectare, com uma produção de 2.434,1 mil sacas de café canéfora beneficiadas, sendo 10,7% superior ao volume colhido em 2019.