Surto de gripe aviária causaria R$ 21,7 bi em prejuízos à economia

Segundo estudo da FGV Agro, que analisa uma situação hipotética, o agro sofreria um prejuízo estimado em R$ 11,8 bilhões em caso de um surto de gripe aviária

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Agro), encomendado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), revela que, se houvesse uma disseminação da gripe aviária no país, em grande escala, o impacto anual para a economia nacional seria de R$ 21,7 bilhões. Somente ao agro, o prejuízo seria de R$ 11,8 bilhões.

De acordo com o levantamento, são estimadas perdas significativas nos setores econômicos, incluindo a redução de 46 mil postos de empregos formais, uma queda de R$ 1,3 bilhão na arrecadação de impostos e uma diminuição de R$ 3,8 bilhões na renda da população brasileira. O agro seria o setor mais afetado, com uma previsão de perda de 26 mil postos de trabalho.

“O diagnóstico da FGV Agro tem um importante papel de nos trazer indicadores e projeções de como a gripe aviária pode impactar negativamente a economia. O levantamento reforça que estamos no caminho certo, que é o de focar nossos esforços na contenção da disseminação do vírus especialmente nas agroindústrias”, afirma o presidente do Anffa Sindical, Janus Pablo Macedo.

Desde maio, quando foi confirmado o primeiro caso da influenza aviária, no Brasil, os auditores fiscais federais agropecuários têm redobrado o trabalho de fiscalização para evitar a entrada do vírus H5N1 em granjas comerciais. Até o momento, não há registro da doença em áreas de produção e comércio.

Influenza aviária: o que precisamos saber sobre a doença

De acordo com o painel sobre gripe aviária do Ministério da Agricultura, até esta segunda-feira (10), cerca de 1,4 mil casos foram investigados, sendo que em 319 houve a necessidade de coleta de amostras para testes laboratoriais. Dessas amostras, 62 apresentaram resultado positivo para vírus da influenza aviária de alta patogenicidade. Outros 6 casos estão em análise.

Para o presidente do sindicato, o momento atual é de observar e monitorar a incidência e evitar que o vírus circule rapidamente. “A população não precisa se preocupar com o contágio da doença em humanos, nem com a segurança dos alimentos. Estamos reforçando a prevenção, principalmente as análises laboratoriais”, enfatizou Macedo.

Geração própria de energia solar no agro alcança R$ 15,5 bilhões

Segundo a doutora em Economia Aplicada e pesquisadora da FGV Agro, Talita Priscila Pinto, o estudo avaliou a quantidade de focos de influenza aviária registrada em países vizinhos ao Brasil. A partir disso, os pesquisadores definiram os estágios de risco do vírus H5N1, sendo o mais grave compreendido pelo intervalo do dia de entrada do vírus ao país até a data de confirmação do primeiro caso. “É nesse período que estamos completamente expostos e dependemos da eficiência da vigilância agropecuária”, afirmou a pesquisadora.

O outro estágio e alto risco do H5N1, segundo a pesquisadora, se inicia no momento em que o vírus é descoberto até o dia em que ele é contido no território nacional. Nesse aspecto, é possível dizer qual o período em que as atividades produtivas relacionadas a cada setor da economia precisam ser paralisadas, além de quais decisões precisam ser tomadas para conter os avanços da doença.

Impactos na economia

O estudo da FGV Agro ainda aponta a relação do impacto da grive aviária em setores da economia. De acordo com o levantamento, para cada perda de R$ 100 no valor das exportações de carnes aviárias, o setor de comércio perderia R$ 11, ou seja, o impacto indireto negativo para varejistas e atacadistas chegaria a 11% do total em perdas para a cadeia aviária.

Nessa linha, haveria também a redução de 8% na produção de rações animais, 6% no setor elétrico, 4% no transporte terrestre de cargas, dentre outros segmentos.

“Essa relação de prejuízos para cada setor da economia é uma situação hipotética levantada pelo estudo e nos mostra a dimensão do problema, caso a defesa agropecuária não agisse rapidamente. O Brasil tem capacidade para agir diante de um eventual surto. Estamos trabalhando em conjunto com o Mapa e os auditores agropecuários estaduais para evitar tais efeitos”, ressaltou Macedo.

 

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