VBP Agro do Paraná cresce 11% em 2023 e alcança R$ 197,8 bilhões

Produção de cana-de-açucar. 07-2021. Foto: José Fernando Ogura/AEN

A pecuária foi responsável por 49% do Valor Bruto da Produção, enquanto a agricultura representa 46,6%

Produção de cana-de-açucar. 07-2021. Foto: José Fernando Ogura/AEN

O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Paraná somou R$ 197,8 bilhões em 2023, de acordo com a análise preliminar publicada nesta quarta-feira (19) pela Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Os números representam um crescimento nominal de 3% em relação ao VBP de 2022 (R$ 191,2 bilhões). Se considerada a inflação do período, o resultado foi 11% superior.

O VBP contempla aproximadamente 350 itens diversificados, incluindo grãos, proteínas animais, fruticultura, floricultura, silvicultura e uma ampla gama de produtos da agropecuária paranaense. Os dados são levantados pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, ao longo do ano com pesquisas de preços e das condições das lavouras nos municípios.

“O VBP apresentou um aumento significativo, puxado basicamente pelas culturas de verão, que tiveram um ótimo desempenho, e isso remete a ter um VBP por hectare/ano de R$ 13,5 mil aproximadamente, que é um dos maiores VBP por hectare que temos hoje no Brasil”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza.

De acordo com o relatório analítico da economista Larissa Nahirny, coordenadora da Divisão de Estatísticas Básicas do Deral, o clima favoreceu a maior parte da agropecuária no Estado. “Ao contrário da safra 21/22, na qual as condições climáticas afetaram drasticamente as produtividades das culturas de verão, na safra 22/23 esses produtos obtiveram excelentes resultados”, afirmou. A nota baixa foi representada pela 2.ª safra e por algumas culturas de inverno, como feijão e trigo, que registraram perdas de qualidade e produtividade.

Pecuária

Em termos de segmento, o relatório aponta a liderança da produção pecuária na formação do VBP pelo segundo ano consecutivo. O setor representa 49% do valor gerado nas propriedades rurais do Paraná em 2023, com R$ 96,5 bilhões.

“Embora em termos nominais o valor tenha sido ligeiramente inferior ao de 2022 (R$ 96,7 bilhões), em termos reais o resultado é 7% superior em razão da deflação do período”, disse Larissa.

Para o chefe do Deral, Marcelo Garrido, a expressividade da pecuária no VBP é um importante indicativo do direcionamento da matéria-prima produzida no Estado. “Significa que estamos agregando mais valor à soja e ao milho, que são a base da alimentação animal”, analisou.

Plano Safra será lançado na próxima semana em Rondonópolis (MT)

O setor da avicultura como um todo, incluindo produção de frango de corte, para recria, ovos férteis e ovos para consumo, é o mais expressivo dentro do segmento da pecuária. No ano passado gerou mais de R$ 44,7 bilhões nas propriedades rurais. É seguido pelos bovinos, com R$ 25,5 bilhões, e pelos suínos, que geraram R$ 12,4 bilhões. A produção de leite teve ligeiro aumento, de 4,4 bilhões para 4,5 bilhões de litros, com VBP de R$ 11,4 bilhões.

Agricultura

A agricultura de forma geral foi responsável por 46,6% do faturamento bruto, somando R$ 92,1 bilhões, contra R$ 85,1 bilhões de 2022, quando as condições climáticas foram desastrosas. Nesse segmento prevaleceram os grãos e outras grandes culturas, com R$ 82,3 bilhões. O valor é 17% superior aos R$ 76,1 bilhões de 2022, em termos reais.

É aí que desponta a soja, principal cultura paranaense. Após amargar perda de aproximadamente 8 milhões de toneladas na safra 21/22, o produto alcançou recorde de 22,4 milhões de toneladas em 2023, com VBP de aproximadamente R$ 49 bilhões.

“Só não foi maior em razão da desvalorização do preço médio de comercialização”, disse a coordenadora de Divisão de Estatística Básica do Deral. Em 2023 o preço médio da saca ficou em R$ 130,99, valor 15,5% inferior ao de 2022.

Na segunda colocação apareceu o milho, com produção de 17,8 milhões de toneladas nas duas safras. “Representou uma recuperação do potencial produtivo do cereal após ciclos problemáticos”, analisou Larissa. “Mas os preços médios de comercialização desvalorizaram, assim o VBP, de R$ 14,5 bilhões, reduziu em 23% em termos reais”. No ciclo anterior tinham sido R$ 20,2 bilhões.

A cana-de-açúcar, que tinha ficado na quarta colocação em 2022, assumiu no ano passado a terceira posição, com R$ 4,3 bilhões. Ela ultrapassou o trigo, que teve redução significativa de 34%. De R$ 5,4 bilhões passou para R$ 3,6 bilhões.

O segmento agrícola também foi incrementado com a participação de hortaliças, que somou VBP de R$ 6,7 bilhões. As batatas, que alcançaram R$ 1,8 bilhão, e o tomate, com R$ 1,1 bilhão, foram as espécies mais importantes. Na fruticultura, destaque para as laranjas, com R$ 752 milhões; e para morango, com R$ 505 milhões. Em flores o crescimento real foi de 20%, passando de R$ 224 milhões para R$ 250 milhões.

Produtos florestais

“Com a desvalorização de boa parte dos preços dos produtos florestais, verificou-se uma redução expressiva na extração de toras para produção de papel e celulose e uma ligeira alta para as demais finalidades”, afirmou a economista do Deral.

Como resultado o VBP florestal, de R$ 9,2 bilhões, foi inferior aos R$ 9,6 bilhões do ano anterior. O destaque nesse segmento é a erva-mate, que teve crescimento de 10% na produção, passando de 763,5 mil toneladas para 840,4 mil toneladas. O VBP da cultura somou R$ 1,3 bilhão.

 

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