Venda de etanol hidratado é a maior dos últimos 42 meses, aponta Unica

Em maio, as vendas de etanol somaram 2,97 bilhões de litros, um aumento de 22,51% em comparação ao mesmo período da safra 2023/2024

Unidades do Centro-Sul comercializaram 5,81 bilhões de litros de etanol, um crescimento de 28,57%

Clarisse Sousa  – Na segunda quinzena de maio, as unidades produtoras da região Centro-Sul processaram 45,19 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, uma queda de 3,36% em comparação às 46,77 milhões de toneladas da safra 2023/2024, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (14) pela Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). No entanto, no acumulado desde o início da safra até 1º de junho, a moagem alcançou 140,74 milhões de toneladas, representando um aumento de 11,15% em relação às 126,62 milhões de toneladas registradas no mesmo período do ciclo anterior.

A redução no processamento de cana no final de maio foi causada pelas condições climáticas desfavoráveis para a colheita, afetando o ritmo de moagem em áreas do Paraná, Mato Grosso do Sul e região de Assis (SP), conforme explica Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica. “Esse movimento foi parcialmente compensado pelo clima seco que favoreceu a colheita em Minas Gerais, Goiás e na região central do estado São Paulo”, diz.

Na segunda metade de maio, quatro unidades iniciaram a safra 2024/2025. Ao término do período, permanecem em operação 249 unidades no Centro-Sul, das quais 232 processam cana-de-açúcar, nove produzem etanol a partir do milho, e oito são usinas flex.

Em relação à qualidade da matéria-prima, o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na segunda quinzena de maio foi de 129,85 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, comparado aos 134,95 kg por tonelada na safra 2023/2024, resultando em uma variação negativa de 3,78%. No acumulado da safra, o indicador registra 122,07 kg de ATR por tonelada, uma queda de 1,92%.

Produção de açúcar e etanol

A produção de açúcar na segunda quinzena de maio totalizou 2,70 milhões de toneladas, registrando queda de 7,72% em comparação com igual período na safra 2023/2024 (2,92 milhões de toneladas). No acumulado desde o início da safra até 1º de junho, a fabricação do adoçante totalizou 7,84 milhões de toneladas, contra 7,01 milhões de toneladas do ciclo anterior (+11,80%).

A redução na produção quinzenal de açúcar deve-se à queda na moagem e à menor proporção de cana-de-açúcar destinada à fabricação do adoçante. Na última quinzena, 48,28% da matéria-prima disponível foi direcionada para a produção de açúcar, comparado aos 48,65% registrados no mesmo período da safra 2023/2024.

Segundo Rodrigues, “em uma avaliação detalhada por unidade produtora, é possível verificar certa dispersão na dinâmica de produção de açúcar. Isso porque um terço das empresas ampliou a produção do adoçante por tonelada de cana-de-açúcar processada na última quinzena e os outros dois terços reduziram esse índice na comparação com o valor observado na mesma quinzena da safra 2023/2024”.

“A menor concentração de ATR, o baixo nível de pureza, o elevado teor de açúcares redutores, o maior teor de fibra e até mesmo a presença de dextrana na cana-de-açúcar processada impactaram negativamente a produção de açúcar em várias unidades. Esses elementos estão associados à moagem de cana bisada, de matéria-prima que não completou o ciclo de desenvolvimento e de lavoura com maturação prejudicada pelas condições climáticas”, explica o executivo da Unica.

Estimativa da produção de grãos para o ciclo 2023/24 cai 7%, aponta a Conab

Na segunda metade de maio, a fabricação de etanol pelas unidades do Centro-Sul atingiu 2,12 bilhões de litros, sendo 1,28 bilhão de litros (+6,49%) de etanol hidratado e 837,67 milhões de litros (-8,95%) de etanol anidro. No acumulado desde o início do atual ciclo agrícola até 1º de junho, a fabricação do biocombustível totalizou 6,46 bilhões de litros (+10,42%), sendo 4,32 bilhões de etanol hidratado (+24,97%) e 2,14 bilhões de anidro (-10,59%).

Do total de etanol obtido na segunda quinzena de maio, 16% foram fabricados a partir do milho, registrando produção de 338,15 milhões de litros neste ano, contra 224,86 milhões de litros no mesmo período do ciclo 2023/2024 – aumento de 50,38%. No acumulado desde o início da safra, a produção de etanol de milho atingiu 1,20 bilhão de litros – avanço de 28,83% na comparação com igual período do ano passado.

Vendas de etanol

Em maio, as vendas de etanol somaram 2,97 bilhões de litros, um aumento de 22,51% em comparação ao mesmo período da safra 2023/2024. O etanol hidratado cresceu 46,80%, atingindo 1,93 bilhão de litros, enquanto o etanol anidro caiu 6,36%, totalizando 1,03 bilhão de litros.

No mercado interno, as unidades do Centro-Sul venderam 1,87 bilhão de litros de etanol hidratado em maio, um aumento de 46,47% em relação ao mesmo período da safra anterior. Já as vendas de etanol anidro totalizaram 997,35 milhões de litros, uma queda de 4,16%.

“O volume comercializado no último mês representa o maior valor registrado pelas unidades do Centro-Sul desde outubro de 2020, quando foram vendidos 1,88 bilhão de litros”, acrescenta Rodrigues.

Desde o início da safra até 1º de junho, as unidades do Centro-Sul comercializaram 5,81 bilhões de litros de etanol, um crescimento de 28,57%. O volume de etanol hidratado totalizou 3,86 bilhões de litros, um aumento de 51,64%, enquanto o etanol anidro alcançou 1,96 bilhão de litros, uma queda de 1,10%.

 

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