Segundo a Abimaq, a queda acentuada no acumulado do ano é resultado dos juros elevados e da escassez de recursos do Plano Safra
Clarisse Sousa – As vendas internas de máquinas e implementos agrícolas registraram uma queda significativa de 31,8% no acumulado de janeiro a maio deste ano em comparação com o mesmo período de 2023, conforme dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) nesta terça-feira, 2.
Em maio, por outro lado, as vendas internas cresceram 9,3% em relação a abril, mas apresentaram uma redução de 30,3% em relação a maio do ano passado.
As exportações de máquinas agrícolas também mostraram variações importantes. De acordo com os dados apresentados, no acumulado do ano, registraram um saldo negativo de 29,2% em relação ao ano anterior e uma redução de 49,2% comparado a maio de 2023.
De acordo com Pedro Estevão Bastos de Oliveira, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), “o mercado está travado devido à expectativa pelo anúncio do Plano Safra, na esperança de que os juros sejam reduzidos para algo em torno de 10% ou 11%”, disse. O Plano Safra 2024/2025 será lançado nesta quarta-feira, 3.
A queda acentuada nas vendas de máquinas, no acumulado do ano, é resultado dos juros elevados e da falta de recursos do Plano Safra anterior, conforme explicou Estevão. Além disso, segundo ele, as condições climáticas adversas e os preços das commodities impactaram negativamente o mercado.
Tratores e colheitadeiras
As vendas internas de tratores e colheitadeiras diminuíram 34,7% de janeiro a maio deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando 16.580 unidades contra 25.382 comercializadas em 2023.
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No mesmo período, as exportações de tratores e colheitadeiras registraram uma redução de 38,4%.
Plano Safra
Com relação ao Plano Safra 2024/2025, a Abimaq havia sugerido inicialmente ao governo um montante de R$ 36 bilhões para o financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas, dos quais R$ 26 bilhões seriam destinados ao Moderfrota e R$ 10 bilhões para o Pronaf.
Pedro Estevão ressaltou, no entanto, que “a estimativa é de que seriam necessários R$ 41 bilhões para atender adequadamente às necessidades do setor”.
“O que temos apurado, no entanto, é que o valor destinado no PAP 2024/25 seria de R$ 18 bilhões, ou seja, metade do que pedimos. Isso significa que teremos mais do mesmo. O pessoal vai ter de buscar juros de mercado, que são mais altos. Com isso, acabam não fazendo investimentos e não renovando as máquinas, ficando com equipamentos velhos no campo.”
Estevão mencionou que informações de bastidores sugerem uma taxa de juros de 11,5% para o Moderfrota. “Se o valor do Plano Safra ficar nessa faixa de R$ 18 bilhões, a perspectiva para o ano piora. Esperávamos uma queda de 15% a 18% para 2024, na expectativa de um PAP mais robusto. Porém, se vier um Plano Safra insuficiente, a queda pode chegar a 25%”, observou.
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