Por Adriana Gavaça
Nem mesmo a pandemia do novo coronavírus impediu a ZF de acelerar esse ano. Além de manter o lançamento de dois modelos de eixos em sua linha TSA, o TSA11 e o TSA14, para 2021, a empresa afirma ter honrado os contratos firmados internamente, apesar dos desafios impostos pela quarentena em diversas partes do País. “Fizemos uma operação de guerra. Não vou dizer que foi fácil, porque a pandemia trouxe dificuldades com parte de nossa base de fornecedores. Mas conseguimos, rapidamente, reverter isso e manter os nossos prazos.”, conta Paulo Vecchia, Gerente Sênior da Unidade de Negócios de Sistemas Fora de Estrada da ZF América do Sul.
Por outro lado, o executivo explica que a ZF, por concentrar um Centro de Competência Global no Brasil, com soluções voltadas para o mundo todo, viu parte desses projetos, em algumas regiões, serem adiados. “A parte dessa engenharia e dessa capacidade já consolidada na organização nós aproveitamos para alocar em outros serviços como, por exemplo, para turbinas eólicas. Estamos fazendo hoje, com o mesmo conhecimento adquirido de anos em desenvolvimento de designs, vender esses serviços para outras unidades e assim complementar demandas que tinham sido diminuídas por conta desses adiamentos”, explica.
Oportunidade
No primeiro semestre do ano, o PIB do agronegócio brasileiro registrou crescimento de 1,6%, em relação a igual período do ano passado, apesar do tombo da economia, no mesmo intervalo, de 5,9%. Estimativas da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea para o setor agropecuário é de fechar 2020 com um avanço de até 2,5%, considerando o prognóstico de safra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
São esses resultados que têm animado a indústria ligada ao agronegócio e incentivado investimentos no setor. O executivo da ZF lembra que há 15 anos, existiam quatro ou cinco montadoras, no máximo, de máquinas agrícolas no País. Número esse que triplicou nos últimos anos. “Dependendo agora no pós pandemia talvez esse número mude um pouco, mas estamos falando em 14 montadoras e a ZF já atende a todas elas. Essa mudança de 4 para 14 significa uma coisa: o futuro desse negócio no Brasil é absolutamente promissor”, afirma.
Vecchia diz que é difícil precisar um volume de negócios nos próximos anos, mas que, com certeza, a tendência é de alta. “Senão não teríamos 14 montadoras investindo no Brasil, colocando dinheiro, abrindo fábricas, aumentando produção e trazendo produtos de alta tecnologia”, aponta e completa: “vale salientar que a ZF tem não só essa visão do mercado agrícola ser importante para o Brasil, mas tem a visão de que o Brasil é importante no cenário global como provedor de commodities”, explica. O executivo afirma ainda que a ZF se prepara para investir em outras soluções, além dos produtos anunciados para o ano que vem. “Estudamos outras inovações em eixos e em outros produtos, que pretendemos apresentar ao longo dos próximos anos aqui no Brasil, sempre com o objetivo de alavancar um novo nível de tecnologia e eficiência produtiva para os nossos clientes”, destaca.
Além de atuar no segmento de eixos, a ZF vende transmissões para caminhões pesados, dentre outras iniciativas voltadas para o setor. O agronegócio detêm uma participação de 4% sobre os negócios da empresa, levando em conta todos os setores em que ela está presente.
“Hoje o agro tem uma participação pequena no negócio da ZF como um todo. Mas essa não é a realidade que queremos no futuro. Pretendemos acompanhar essa evolução do mercado agrícola, de máquinas aqui no Brasil”, aponta o executivo da empresa.
35 anos
A ZF celebra em 2020, 35 anos de produção de eixos no Brasil, na planta localizada em Sorocaba (SP). Desde então, já foram produzidos mais de meio milhão de unidades, com inovações que redesenharam a produtividade do setor agrícola brasileiro. A excelência dos eixos produzidos pela ZF no Brasil, conforme assinala Vecchia, trouxe à empresa reconhecimento internacional e a instalação na matriz brasileira do Centro de Competência Global para produção de eixos agrícolas, há dois anos.
“Com isso, a coordenação sobre o desenvolvimento de eixos para todos os mercados do mundo atendidos pela ZF passou a ser de responsabilidade da unidade brasileira”, assinala.
Dentre os produtos desenvolvidos pela empresa, no Brasil, estão eixos dianteiros tracionados para tratores e máquinas agrícolas com potências de 75 a 240 cavalos e eixos dianteiros e traseiros para retroescavadeiras utilizadas no segmento de construção. O maior volume registrado em um único ano ocorreu em 2010, quando a planta finalizou o ano com 30.243 produtos fabricados, atendendo apenas ao mercado brasileiro.
Dentre a fabricação de eixos no Brasil, a parte destinada ao mercado agrícola, na planta de Sorocaba, também teve início em 1985. O executivo conta que a produção trouxe avanços para a indústria de equipamentos fora de estrada, especialmente para os novos desenvolvimentos e ao dia a dia das operações nos campos, que conseguiram extrair o máximo em produtividade e rentabilidade a partir de soluções técnicas que foram desenvolvidas pela ZF, tanto para o momento da colheita quanto para as operações nos canteiros de obras.
Transformações
As mudanças e evoluções nos eixos aconteceram pouco a pouco, mas todas foram embasadas nas necessidades do mercado, que se expandiu fortemente no Brasil, conforme aponta Vecchia. De acordo com dados da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, entre 1975 e 2017, a produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo 236 milhões de toneladas, enquanto a área plantada apenas dobrou.
A partir dos anos 80 os tratores 4×4 ganharam os campos aumentado a versatilidade para utilização de implementos inovadores maiores, voltados para executar operações mais pesadas, em terrenos que exigem mais dos equipamentos. “A tecnologia do trator 4×4 ajudou a indústria a e ter uma máquina mais eficiente. A tração 4×4 conferiu um avanço, principalmente na capacidade do trator operar implementos mais potentes. E nós fomos um dos motores que impulsionou essa mudança”, aponta Vecchia.
Os modelos 335 e 350 tornaram a família de eixos APL 300 a mais vendida na América do Sul e levaram a marca a sucessivos recordes de produção e vendas até o início dos anos 2000. Com ela, a ZF se tornou líder na produção e comercialização de eixos dianteiros de tração para tratores 4×4 com cerca de 75% do mercado e fornecimento para todos os principais fabricantes como Agrale, New Holland, John Deere, Valtra e Massey Ferguson, no Brasil e na Argentina.
A partir dos anos 2000 foi a vez do setor agrícola conhecer as inovações da família AS, que dominaram o mercado por mais de uma década. A família de eixos tracionados AS 2000, reuniu como principais atributos a precisão, estabilidade, confiabilidade, maior vão livre do solo e melhor manobrabilidade.
Desde o desenvolvimento do primeiro eixo agrícola no Brasil, vários novos atributos desenvolvidos para os eixos foram redesenhando o dia a dia das atividades dos agricultores. Um exemplo disso está na família TSA, uma das mais utilizadas hoje nos tratores brasileiros, que entrou em produção a partir de 2014, com o modelo TSA09. A partir de 2017, a ZF iniciou a produção no País do eixo TSA23, desenvolvido para aplicação em tratores agrícolas com faixa de potência entre 160 e 240 hp. A tecnologia GPS introduzida nesses eixos se tornou grande aliada na conquista de uma operação ainda mais precisa, e o novo eixo permitiu ao trator trabalhar com dois implementos ao mesmo tempo, sendo um deles frontal.
Atualmente os modelos TSA 20 e TSA 23 são comercializados nas versões rígida e suspensa. Além disso, oferecem de fábrica o kit reversível de extensão de bitola para até 3 metros, atendendo a demanda da cultura de cana-de-açúcar. Esses eixos suportam aplicações em tratores com potências de 160 até 240 cavalos. Já o TSA 09 é destinado a tratores com potência de até 100hp.
Lançamentos
Para 2021, a ZF anunciou o lançamento de dois produtos para a família de eixos TSA: o TSA11 e TSA14. Estes eixos trazem diversas vantagens, com destaque para a modularidade de componentes, facilitando a inclusão de opcionais (bloqueio de diferencial hidráulico, sensor de esterçamento, suspensão, etc.) a um produto standard, tornando-o premium.
Os produtos se destacam ainda, segundo o executivo, pela performance no campo. Vecchia diz que o TSA, quando comparado à linha anterior AS, é cerca de 20% mais leve, com 25% mais de capacidade de carga. “Conferimos ainda um sistema de direção com adicionais 30bars de pressão, melhorando conforto e precisão nas manobras”, conclui.