Aplicação de adubos e defensivos na medida exata

Por Gustavo Paes 

Vantagens da AP  incluem a preservação do solo

A Agricultura de Precisão (AP) já é realidade para muitos produtores brasileiros. A estimativa é de que 20% da área agrícola do Brasil, de 10 a 12 milhões de hectares, já teve ou tem algum elemento de AP, conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A técnica começou com as tecnologias das máquinas dotadas de receptores GPS e geração de mapas de produtividade. Mas avançou nos últimos anos e hoje vai além dos equipamentos e das culturas de milho, soja e algodão, sendo usada em todas as cadeias produtivas do setor agropecuário. 

Por meio de sensores, drones e ferramentas de análise, decisões podem ser tomadas sem intervenção humana. As informações coletadas, por sua vez, permitem a tomada estratégica de medidas que visam a preservar os recursos e tornar o agronegócio ainda mais competitivo. E uma das principais vantagens da AP é a redução dos gastos com insumos, como adubo ou defensivos aplicados na lavoura. “Com a Agricultura de Precisão, o agricultor faz a gestão das diferenças da lavoura e pode reduzir os custos com a aplicação otimizada de insumos e aumentar a produtividade”, salienta o engenheiro Marcio Albuquerque, que é vice-presidente da Associação Brasileira de Agricultura de Precisão (AsBraAP).  

Antes, no caso da fertilização, por exemplo, todos os pedaços de terra recebiam o adubo por igual. A quantidade era calculada com base em uma pequena amostra e replicada, então, por todo o campo. Assim, uma parte que não necessitava tanto de adubagem recebia a mesma quantidade de outra que apresentava carências nutricionais. Com o uso de mapas e amostras de solo, é possível saber exatamente a quantidade de insumo a ser aplicada em cada pedaço do terreno. 

O mesmo ocorre na questão do plantio: analisando as condições climáticas e da terra, pode-se chegar ao aperfeiçoamento das sementes, uma vez que são cultivadas no clima ideal. Assim, reduz-se consideravelmente o desperdício e contribui-se para a qualidade da safra. 

Outro benefício é a preservação do solo. O manejo diferenciado da terra, que dá a ela os nutrientes certos e na quantidade exata, ajuda a manter o solo saudável e fértil. E a redução do uso de defensivos agrícolas também tem papel significativo na longevidade do campo. 

 A Otmis, marca de produtos e soluções tecnológicas da Jacto para AP, possui tecnologia  para aplicação otimizada de insumos. Entre os hardwares estão GPS – barra de luzes, controle automático de seções, piloto elétrico, piloto hidráulico e receptores GPS. Entre os softwares, correções de sinais de GPS, telemetria e taxa variável. 

A intensificação na aplicação de insumos pode ser encontrada no Arbus 4000 JAV, que combina um sistema de multiventiladores com o sistema de pulverização Multicontrol, com o corte de seções inteligente. A máquina traz embarcada uma tecnologia de pulverização que, ao utilizar um sistema de escaneamento a laser para avaliar a massa foliar da planta, consegue identificar o tamanho e proporção da planta, assim como onde existe massa verde. 

Estas informações servem de entrada para o controle do sistema de pulverização, que, por meio de um conjunto individual de válvulas integrada ao sistema de multiventiladores, funciona de forma independente por meio de motores elétricos. “Isso permite uma pulverização de qualidade diferenciada com corte inteligente de seções, entregando a quantidade exata de produto e volume de ar ideal em cada parte da planta, evitando desperdícios de produto e energia”, afirma o gerente de negócios Otmis, Cristiano Pontelli.

A jornada de trabalho de cada equipamento pode ser configurada individualmente, por operação, sendo todos os sistemas interligados para maximizar o trabalho na cultura, incluindo a função de retorno automático para o ponto de abastecimento. Com a função ‘Siga o líder’, as máquinas deslocam-se interligadas virtualmente. O monitoramento remoto da operação na função comboio utiliza o conceito de comunicação entre máquinas. “Outra função importante é o gerenciamento de controle de obstáculos inteligente, que possibilita que o veículo pare automaticamente quando identifica um obstáculo, além do gerenciador do veículo poder decidir quais ações tomará”, explica Pontelli.

Sistema automático

Já as adubadoras Uniport 5030 NPK e Tellus 10.000 NPK são equipadas com o Sistema PrecisionWay, tecnologia utilizada para controlar a dosagem, ponto de queda do fertilizante nos discos e formato das pás, que permite distribuir os insumos na dose certa, em ampla faixa, com qualidade e uniformidade. A faixa de aplicação é regulada por meio de um sistema automático que varia o ponto de queda do fertilizante nos discos de distribuição, conforme o gerente de negócio adubação da Jacto, Gustavo Micheli. Os discos e pás oferecem maior uniformidade em toda a faixa de aplicação. “O produtor precisa ajustar somente o ponto de queda do fertilizante no disco para que se obtenha a regulagem da faixa de aplicação. É um processo que pode ser feito automaticamente, pelo display que fica dentro da cabine”, sublinha.

Outro destaque da Otmis é o SmartSet, um website que contém um banco de dados para auxiliar no ajuste da faixa de aplicação. É uma ferramenta prática e que acelera o tempo de calibração da máquina pelo operador, permitindo uma aplicação de maior qualidade. O SmartSet contém um software com um banco de dados com mais de 1 mil fertilizantes testados. 

“Basta que o agricultor entre com informações do seu fertilizante, equipamento e a largura da faixa de aplicação que deseja, e o site retorna com a indicação de regulagem do ponto de queda do fertilizante no disco”, esclarece Pontelli.

O controle de bordadura é uma função que ajuda a reduzir erros de aplicação nessas operações, evitando aplicar fertilizantes em áreas não desejadas pelo produtor, como carreadores e áreas de preservação. 

O sistema consiste em uma pá, com formato diferenciado para as operações que não estão no centro do talhão. Esta função possibilita modificar o perfil de distribuição para a borda, permitindo uma maior qualidade de aplicação, economia de fertilizantes e proteção ambiental. 

Até então, as adubadoras a lanço não ofereciam precisão em termos de adubação nas bordaduras do talhão e, geralmente, o agricultor precisa escolher desperdiçar muito fertilizante para os carreadores ou áreas de preservação, se quiser ter a dose correta na borda, ou se vai prejudicar a aplicação na borda, com dose menor, para não desperdiçar fertilizante. Isso acontece porque as máquinas mais comuns não possuem um controle de bordadura, que altera o perfil da distribuição do fertilizante lançado para a borda. O problema é minimizado com a ferramenta, que está disponível nos dois modelos.

A empresa trabalha no desenvolvimento do controle automático de seções, que deve ser liberado ainda este ano. A tecnologia permite a segmentação da faixa de aplicação em até 12 seções, controladas automaticamente. Trata-se de um sistema que traz para a operação de adubação uma importante redução no custo de aplicação. Ao fechar e abrir as diferentes seções, o equipamento minimiza as sobreposições nas entradas e saídas da bordadura. “Com esta tecnologia, a redução do consumo de fertilizantes pode chegar a 15%”, completa Micheli. 

 

Aplicação no sulco 

A aplicação de produtos biológicos e naturais com jato dirigido no sulco de plantio vem crescendo no Brasil. A estimativa é que, considerando as lavouras de soja e milho, a tecnologia é utilizada em cerca de 10 milhões de hectares. “Essa aplicação dirigida tem crescido consistentemente ao longo dos anos”, ressalta o CEO e diretor de Pesquisas e Desenvolvimento da Orion, Ricardo Rodrigues da Cunha.

A aplicação no sulco do plantio é indicada para várias culturas, mas o maior índice de adoção ocorre nas lavouras de soja e milho. Existem testes de campo para várias outras culturas, como arroz, feijão, amendoim e algodão, entre outras. 

“Bradyrhizobium e Azospirillum são os inoculantes mais utilizados atualmente e têm garantido consideráveis ganhos de produtividade às lavouras nas mais diversas regiões do Brasil onde temos conduzido testes e acompanhado as lavouras de nossos clientes”, destaca o engenheiro agrônomo José Tonon Júnior, que é diretor de Marketing da empresa.  

O CEO da Orion explica que, quando a aplicação é feita ‘dentro’ do sulco de plantio existem vários benefícios, que vão desde o menor dano físico às sementes (que podem ocorrer por ocasião do tratamento no sulco) até uma maior precisão do tratamento, pois, além da semente, todo o microambiente envolto a ela será tratado.  

Porém, para que aplicação seja efetiva existe uma série de fatores que precisam ser observados, uma vez que deve haver uma garantia que os bioprodutos possam expressar todo seu potencial. “O nosso grande objetivo como fabricante de máquinas é aplicar os produtos de maneira correta, uma vez que são vários os fatores que inviabilizam a ação das bactérias, dentre elas destaco a pressão errada de aplicação, que levam as bactérias à morte, além da temperatura e o pH da água onde o produto é misturado”, explica Cunha.

A Orion tem no portfólio uma gama de equipamentos para plantio no sulco e fabrica desde tanques para plantadoras de cinco a sete linhas como para máquinas de maior porte. O Hunter 220 CSH é indicado para plantadora de 45 a 60 linhas. Possui tanque de PEMB – UV8, com capacidade para 2.200 litros, possui autonomia operacional com vazão de 40 litros por hectare. Já o H1500 EL é utilizado por plantadoras que vão de 24 a 36 linhas. 

O equipamento se destaca pela excelência de 98% na aplicação de produtos líquidos dentro do solo. O reservatório principal, feito em PEMB – UV8, tem capacidade para 1500 litros. A autonomia operacional é de 37,5 litros por hectare. 

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