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Especialistas comentam sobre o surgimento da mecanização tropical

Especialistas comentam sobre o surgimento da mecanização tropical

Área agrícola manejada de forma inadequada e vulnerável à erosão, fato inaceitável pois prejudica a toda a sociedade//Fotos: Ricardo Ralisch

Katiaíres Evangelista Delpin Malvezi 1 e Ricardo Ralisch 2 – Caros leitores, caros agricultores! Para esta edição retomaremos alguns assuntos que já foram abordados nas edições 60 e 68 desta revista, que trataram da Mecanização Conservacionista e da Mecanização Tropical, respectivamente. O retorno a esses temas possui diversas motivações e destacamos a importância da mecanização agrícola na necessidade de intensificação dos sistemas de produção agropecuários, ressaltando que essa intensificação deve respeitar obrigatoriamente os limites impostos pelos recursos naturais explorados pela agricultura, que são: água, ar, biodiversidade e solo.

Desses, o solo é fundamental, pois interage diretamente com os demais, já que um solo conservado e bem manejado propicia uma adequada infiltração das águas das chuvas. Assim evitam as erosões que assoreiam e contaminam as águas superficiais e ainda alimentam as reservas hídricas subterrâneas.

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Mais água no solo favorece o maior e melhor desenvolvimento das plantas, que são extratoras de carbono da atmosfera, reduzindo a concentração dos gases de efeito estufa (GEE) e fixando esse carbono no solo através dos sistemas radiculares profundos e bem distribuídos. O carbono no solo se converte em matéria-orgânica, essencial para as plantas e para toda atividade biológica do solo, preservando a biodiversidade, no meio que é o mais biodiverso do planeta. Então, estamos tratando essencialmente da fertilidade do solo, certo?

Portanto, uma atividade agropecuária bem conduzida favorece a fertilidade do solo, que se converte em produtividade dessa mesma atividade. Esse ciclo virtuoso é reflexo da preservação da estrutura do solo. Ou seja, se o sistema de produção agropecuário adota boas práticas agrícolas que recuperam e preservam uma boa estrutura do solo, a relação do solo com os demais recursos naturais se intensifica, aumentando a fertilidade do ambiente, dando maior retorno à atividade em médio e longo prazos.

Pois bem, a tecnologia que tem o maior potencial de agressão e de degradação da estrutura do solo em curto prazo é a mecanização agrícola. Por isso, temos enfatizado alguns conceitos importantes, como Mecanização Conservacionista, que promove a conservação do solo e a Mecanização Tropical, que adota parâmetros de ação inerentes a esse ambiente, abordados nos artigos citados acima.

Relembrando que mecanização agrícola é a área da ciência agronômica que estuda, desenvolve e difunde as melhores formas de utilização dos equipamentos agrícolas, sendo, portanto, uma área que atua diretamente na gestão desses equipamentos. A concepção, o desenvolvimento e a adequação dos equipamentos e suas ferramentas são atribuições da área chamada mecânica agrícola. São distintos, mas há uma grande interface entre essas áreas, pois é a mecanização agrícola que avalia e constata a necessidade de novos equipamentos ou de adequações nos existentes.

A retomada desses assuntos nesta ocasião foi provocada pela recente promulgação da lei 14.609 de 20 de junho de 2023, que instituiu o Dia Nacional do Plantio Direto (DNPD), a ser comemorado em 23 de outubro, sendo que em 2023 comemoramos o primeiro DNPD. O fato de termos essa data comemorativa ressalta a importância que a consolidação do Sistema Plantio Direto (SPD) teve na expansão da nossa agricultura.

SPD versus Mecanização Tropical
Especialistas comentam sobre o surgimento da mecanização tropical

Herbert Bartz (sentado), pioneiro e difusor do Plantio Direto, precursor conceitual do Sistema Plantio Direto. Em pé, Sérgio Higashibara, agricultor em Mauá da Serra (PR), representante da comunidade local que organizou o Museu do Plantio Direto nesta cidade, onde está a semeadora Allis Chalmers, importada por Bartz para iniciar o Plantio Direto

Partindo do princípio de que a Mecanização Tropical é aquela que adota os conceitos que tornam as operações agrícolas harmoniosas com o ambiente tropical, desde a conservação do solo até a melhoria da atmosfera, sua adoção altera a concepção dos equipamentos e ferramentas agrícolas, fazendo com que estes sejam mais adequados às condições tropicais e induzem a adaptação de características operacionais específicas como velocidades operacionais que considerem as características do solo onde se fará o uso dos equipamentos e define metodologias adequadas de monitoramento dos efeitos dessas operações. Além da melhoria no manejo do solo e das culturas, traz a possibilidade de interpretação real dos efeitos dessas operações, minimizando àquelas que são baseadas em parâmetros inadequados. 

Trata-se da necessidade de engenharia e gestão específicas, que empreguem ferramentas inovadoras como avançados sistemas de projetos e  telemetria para as diversas realidades do ambiente da agricultura tropical. Esta é uma ciência em desenvolvimento por nós, brasileiros, e que vem se destacando mundialmente pela versatilidade, juntamente com o desempenho de nossa agricultura.

A ciência tropical nos foi ensinada pelo Sistema Plantio Direto, o que tem repercutido na formação de uma ciência agronômica tropical, bem mais ampla do que a tradicional, incluindo o desenvolvimento de tecnologias adequadas a este meio e, entre estas, a Mecanização Agrícola Tropical.

Semeadora concebida para atuar no Sistema Plantio Direto, semeando sobre cobertura verde, condição operacional que exige eficiência operacional

Nada mais justo, portanto, rendermos uma justa homenagem ao SPD nesta primeira data que comemora o Dia Nacional do Plantio Direto, 23 de outubro de 2023, por tudo que temos aprendido e ususfruído e pelo quanto ainda poderemos desfrutar se considerarmos o potencial de expansão territorial na adoção do SPD que ainda temos.

Para que essa expansão seja bem-sucedida precisamos de uma Mecanização Agrícola consciente e eficiente. Que considere os parâmetros ambientais, técnicos e operacionais.

Os avanços que já foram conquistados e os desafios que ainda temos pela frente são assuntos para as próximas edições desta revista. Nesta enfatizamos a pertinência de termos um Dia Nacional do Plantio Direto, fruto da atuação conjunta e integrada dos produtores agrícolas, das empresas fornecedoras de tecnologias, da extensão rural e assistência técnica e da academia.

Parabéns a todos e boas safras! 

1Doutora em Agronomia e responsável pela área de inovações da Agritel, Telemetria Agrícola.
katia.malvezi@agritel.com
2Professor aposentado da UEL e consultor.
ricardoralisch@gmail.com

 

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