Reposição: a importância da qualidade de peças e componentes

Por Gustavo Paes

Procedência e correta especificação desses itens interfereM diretamente no desempenho dos equipamentos

Os motores possuem vários componentes, desde os mais básicos, como cilindro, pistão e biela, até específicos para cada marca e modelo, tais como bicos injetores, tubulações e filtros, e tantos outros. Todos fazem parte de um conjunto de peças responsáveis pelo correto desempenho para o qual o equipamento foi projetado. 

Esses componentes devem ser sempre os recomendados pelo fabricante, conforme o instrutor de operação e manutenção de máquinas e implementos agrícolas e rodoviários Joel Sebastião Alves. “Do contrário, os objetivos de rendimento, desempenho e potência ficarão comprometidos e podem ocasionar quebras, rupturas e até levar ao desgaste prematuro e antecipar uma reforma completa do propulsor”, assinala o especialista.

Alves avalia que a evolução das peças de motores não foi muito significativa, pois os próprios motores de combustão interna não evoluíram como outras tecnologias, como no mundo da eletrônica. Ele pega como exemplo um computador dos anos 90 e um atual, ou um telefone celular, e tantos outros exemplos da área de eletrônica e informática. 

“Os motores de combustão estão parados no tempo”, decreta. Alves, porém, reconhece que houve algumas melhorias, principalmente nos processos de fabricação e na qualidade dos materiais empregados.

Ele afirma que o advento de novas ligas metálicas, mais leves e resistentes, contribuiu para um avanço bastante significativo. Os fabricantes utilizam ligas sinterizadas com material sintético ou cerâmico, o que aumenta a vida útil do componente e possibilita trabalhar em temperaturas mais elevadas. Há toda uma nova tecnologia a ser empregada para que haja um melhor desempenho dos motores. 

“Mas os motores de combustão interna estão no limite de sua capacidade operacional, por mais que se tente acrescentar ou maquiar suas aplicações, parece-me que estamos no fim de um era, pois os motores elétricos estão chegando com toda força. Ainda haverá um período de convivência entre ambos, talvez possa ser até longa”, projeta Alves.  

Durabilidade e desempenho

As peças e componentes possuem papel-chave em toda a vida útil dos motores, pois garantem a durabilidade, desempenho e o menor custo de operação a longo prazo para o produtor no campo, conforme o especialista de marketing e vendas de motores AGCO Power para a Valtra, Fernando Silva. “Uma peça com defeito impacta todo o funcionamento da máquina e a operação do produtor”, alerta. 

Silva conta que a evolução de peças e componentes dos motores se utilizou de novos materiais em sua composição, visando atender novas demandas de mercado em aplicações de uso severo, menor número de paradas, revisões mais espaçadas de manutenção periódica, e assim, aumentar a durabilidade de todo o conjunto. 

Entre as principais inovações, ele cita os filtros de combustível, ar e óleo de maior durabilidade e maior tempo para substituição. E também elenca o kit de giro (troca somente dos componentes essenciais do motor em campo, prolongando sua vida útil), os sistemas de alta pressão de combustível (otimização de todo o processo de combustão e performance do motor) e o catalisador (redução na emissão de poluentes sem comprometer o desempenho do motor).

O especialista da Valtra acredita que o tucho hidráulico substituirá o tucho mecânico, que realiza a abertura e fechamento das válvulas do motor, mas não precisará de manutenções periódicas. 

Outra aposta de Silva é o turbo eletrônico, que permite ganho de precisão na admissão de ar para o motor, otimizando a combustão e o consumo e reduzindo perdas em todo o processo de geração de energia da máquina.

Assim como o ECU (Engine Control Unit), módulo de controle do motor. “O ECU é o “cérebro” do conjunto e estará cada vez mais avançado, gerindo todos os sensores, gerando diagnósticos imediatos para o operador, mapeando o comportamento do propulsor e evitando quebras e perdas com maior autonomia”, salienta. 

E assegura que os fluidos, mesmo não sendo considerados peças por alguns, serão fundamentais no futuro. 

Processo de qualidade 

O diretor da Unidade de Negócios de Peças de Reposição e Marketing da MWM, Thomas Püschel, frisa que oferecer peças com qualidade tem um papel fundamental, pois elas seguem um processo de validação segundo as especificações e características técnicas desenvolvidas pela engenharia da MWM. 

A marca possui uma engenharia local e conta com um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da América do Sul, com 25 bancos de provas, que são dedicados para o desenvolvimento de novas motorizações e para suportar o desenvolvimento de aplicações e componentes.

Püschel garante que o desenvolvimento de cada um dos componentes do motor segue os mais rígidos critérios e especificações de forma a entregar um produto dentro da potência especificada, de acordo com a durabilidade, qualidade e confiabilidade do produto genuíno. 

“A utilização de peças genuínas é de fundamental importância para o bom desempenho, em termos de performance e consumo de combustível dos motores aplicados em máquinas agrícolas”, orienta.

A área de desenvolvimento de produto da MWM busca e desenvolve os componentes/peças que atendam aos requisitos da equipe de engenharia, a demanda dos clientes e os requisitos legais, impostos pelos órgãos competentes. 

“Atualmente temos em produção os motores para aplicações agrícolas que atendem às normas de emissões – MAR-I, além das peças para motores não emissionados dependendo da necessidade de cada cliente”, destaca.

O diretor comenta que, além da busca por qualidade, que requer investimentos e inovação, a MWM entende que a exigência e as necessidades dos consumidores vêm sofrendo alterações. Como, por exemplo, áreas com maior extensão para plantio e colheita. “Essas áreas dependem de máquinas com maior desempenho, produtividade, durabilidade, menor consumo de combustível e, além de atendimento a todos estes requisitos, um eficiente trabalho de pós-vendas”, recomenda. 

A empresa tem investido em aumento de capilaridade da rede e novas soluções, conforme a necessidade do mercado. A MWM possui mais de 580 pontos de vendas de peças de reposição em âmbito nacional. 

Além das peças genuínas, a empresa também possui um portfólio de peças multimarcas, denominada Master Parts. A linha foi desenvolvida de acordo com os critérios de qualidade e confiabilidade MWM. 

“Procuramos buscar soluções e desenvolvimento de peças para qualquer motorização a diesel, considerando a demanda do mercado e da nossa rede de distribuição. A MWM criou o projeto de venda de peças on-line e desenvolveu uma plataforma própria para a comercialização de peças no modelo marketplace. 

A marca conta com mais de dois mil itens disponíveis, tanto de peças para motores MWM, quanto peças para motores multimarcas. 

Testes de campo

O gerente de Assuntos Corporativos e Regulatórios da John Deere para o Brasil, Luís Eduardo Ferrari, entende que a qualidade das peças e componentes são importantes para a potência e saúde dos motores de máquinas agrícolas. 

“A aplicação agrícola é uma condição extremamente agressiva e o desenvolvimento adequado de peças e componentes é fundamental para garantir desempenho e durabilidade do motor”, observa. 

O especialista ensina que, nessa etapa, é preciso considerar diversos fatores da vida real, como variação de umidade do solo, variações de esforço, vibrações, temperatura, poeira etc. 

“Em nosso processo de engenharia experimental, os componentes passam por constantes evoluções e aprimoramentos, contando com toda nossa experiência e tecnologia a seu favor”, declara. 

Ele salienta que a marca promove ensaios e testes de campo de novas tecnologias, o que eleva o padrão de qualidade e excelência, e proporciona ao produtor máquinas e implementos que ajudam a melhorar a produtividade e rentabilidade, além de impactar na redução do tempo de máquina parada. 

O processo de evolução na John Deere baseia-se na experiência acumulada nos mais de 180 anos e centenas de milhares de produtos entregues para clientes em todo mundo, segundo ele. 

“Temos como um diferencial o fato de sermos fabricantes de motores e máquinas, de forma a proporcionar o casamento perfeito e simbiótico entre os conjuntos”, afirma. No Brasil, a empresa propôs normas ambientais de emissões, ajudando o País a tornar-se pioneiro no assunto. 

Ferrari diz que o segredo de um motor ou uma máquina completa não está em seus componentes de forma isolada, e sim na interação entre os diversos sistemas que compõem um veículo, como motor, transmissão, cabine etc. 

or essa razão, os testes virtuais e de campo fazem com que a empresa evolua de forma constante e sustentável. “Isso permite o desenvolvimento de tecnologias que vão ao encontro das necessidades de nossos agricultores e que fazem a diferença no desempenho produtivo e econômico das lavouras”, encerra. 

As peças e componentes da Cummins trazem a vantagem do desenvolvimento de engenharia integrado com os motores da empresa, como os turbocompressores Holset e a Cummins Filtros. 

A Cummins utiliza o segmento agrícola como um campo de provas para o desenvolvimento e aprimoramento de seus produtos. A marca desenvolve peças e componentes que atendam às demandas de produção, o que gera confiabilidade, alta disponibilidade do equipamento e baixo consumo de combustível. 

Peças genuínas

As peças genuínas Cummins procuram, segundo a empresa, garantir o atendimento das necessidades específicas do motor no que se refere a dimensões, material, durabilidade e interação do conjunto de peças que o compõem. Entre os principais benefícios do uso de peças genuínas estão a maior durabilidade e economia a longo prazo. 

“Essa peças possuem um desempenho superior, possuem garantia do fabricante, asseguram a manutenção da garantia do motor e dão mais segurança ao motor/veículo/equipamento e ao motorista”, afirma o gerente de Aftermarket da Distribuidora Cummins Brasil, Marcos Azambuja.

A evolução das peças acompanha a dos motores que, ao longo dos anos, seguem em desenvolvimento na busca de melhoria de desempenho, durabilidade e redução de emissões segundo Azambuja. 

“Dentre estes avanços podemos elencar ainda todos as tecnológicos ligadas as sistemas de combustível, turbo compressores com geometrias de alta performance, intercoolers e demais controles eletrônicos embarcados nos motores”, finaliza.

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