Em países como França, Argentina e Estados Unidos, a armazenagem nas fazendas representa de 30 a 60% da safra, no Brasil, a prática não é muito difundida – com apenas 5%. Durante a realização da Bahia Farm Show, o assunto foi debatido pelo ministro da Agricultura, Antônio Andrade, que participou do Fórum sobre Logística: Realidade e Tendências. Segundo o ministro, a armazenagem de grãos no País será uma das principais medidas a serem contempladas no próximo Plano Safra. Ele destacou que o Plano Safra, que será anunciado nesta semana, estará a altura do desenvolvimento agropecuário do país, com disponibilidade de recursos mais altos e juros reduzidos aos agricultores. O ministro enfatizou que, a cada ano, o Brasil bate recorde de produção, aumenta sua área plantada e alcança altos níveis de competitividade, porém, o nosso produtor rural armazena só 5% do que colhe em sua propriedade.
Na palestra “Armazenagem e Conservação de Grãos”, Flávio Antonio Lazzari, do GSI e pesquisador do CNPQ, demonstrou que os modernos sistemas mercadológicos, o dinamismo e os novos conceitos de globalização, exigem que os processos produtivos se tornem competitivos quanto à qualidade dos produtos e ao preço final de mercado. Lazzari comentou que sementes, grãos, rações e alimentos de alta qualidade são exigidos pelos mercados, principalmente o externo. “Os grandes compradores e processadores brasileiros de grãos têm pressionado os setores produtivo e de armazenamento para que entreguem um produto dentro de condições físicas, sanitárias e nutricionais cada vez mais rígidas”, revelou. Segundo ele, a competitividade das empresas está diretamente relacionada com a capacidade de fornecer ao mercado aquilo que o mesmo exige em termos de qualidade. “A pressão exercida pelo consumidor é repassada às indústrias de processamento, armazenamento, ao produtor, e finalmente chega ao geneticista responsável pela produção daquele híbrido ou variedade requeridos. Existem diversas técnicas e instrumentos de amostragem, monitoramento de insetos, fungos, ácaros e de avaliação da qualidade; contudo, poucas têm sido repassadas ao armazenista para o monitoramento e manutenção da qualidade do produto armazenado”.
De acordo com Lazzari, com o uso mínimo de tecnologia o produto pode ser conservado por longos períodos, sem comprometer a qualidade. Assim, perdas de qualquer monta no armazenamento são consideradas altas. É urgente a aproximação das duas pontas: a técnico-científica e os armazenadores, que têm a responsabilidade de manter a qualidade e quantidade de milhões de toneladas de grãos em estoque. “Cada vez mais é necessário conhecimentos sobre conservação de grãos uma vez que, as perdas de grande parte do que se produz, em função de deficiências em infraestrutura, como falta de unidades de secagem e armazenamento ou de suas inadequações. Umidade e temperaturas elevadas no interior das unidades armazenadoras, associadas a deficiências no manejo operacional, potencializam esses efeitos”, finalizou.