O trator agrícola trabalha em condições muito adversas e por isso demanda algum tipo de revisão, principalmente a manutenção preventiva
O instrutor Joel Sebastião Alves, especialista em operação e manutenção de máquinas e implementos agrícolas, lembra que, independentemente dessa manutenção periódica, o produtor rural também deve aproveitar para uma revisão mais acurada em pontos críticos que estão sujeitos a esforços mais constantes e de concentração de confronto torsionais.
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“O período de entressafra é o momento ideal para deixar os equipamentos de trabalho em dia, pois, caso contrário, problemas como panes, quebras e rupturas se farão presentes na hora que mais se necessita e com custos maiores, além do tempo desperdiçado para a produção”, afirma.
Alves salienta que, no eixo dianteiro, principalmente com tração, é necessário verificar as condições de todos os dispositivos móveis, quanto a folgas e desgastes. O produtor precisa observar as juntas esféricas de acoplamento da barra de direção, ou braços axiais e terminais do acionamento, as buchas e pinos do suporte de articulação da ponta de eixo.
Outra recomendação é avaliar as coifas protetoras das articulações, que, muitas vezes, pela ação das variações climáticas, acarretam trincas, possibilitando a entrada de sujeiras e material abrasivo. Sem esquecer dos itens de lubrificação previstos na manutenção preventiva.
O sistema hidráulico de acoplamento de três pontos do trator requer atenção do produtor, que precisa examinar folgas e desgastes junto aos braços de acionamento e tirantes de regulagem, pois os componentes do sistema possuem vários locais articulados com buchas esféricas e cilíndricas, onde poderá haver alguma irregularidade prematura pelo uso constante ou até inadequado.
O especialista ensina que nas colheitadeiras e demais maquinários, principalmente semeadoras, também é importante que o produtor faça uma verificação detalhada de todos os dispositivos mecânicos de acionamento de eixos, tanto por engrenagens como por correias ou correntes.
O instrutor alerta ainda que o produtor não deve esquecer todos os itens recomendados da manutenção preventiva, aquela que envolve todos os serviços de inspeções sistemáticas, ajustes, conservação e eliminação de defeitos, visando evitar falhas ou defeitos. “O produtor deve verificar principalmente os fluidos líquidos e gasosos e os filtros”, completa.
Vistoria completa
O diretor diz que é difícil mensurar quais peças costumam apresentar problemas, uma vez que estão relacionadas à potência do trator, severidade de aplicação e qualificação dos operadores. “No entanto, observamos componentes que apresentam desgastes naturais, tais como os pivôs de direção, freios e embreagem”, sublinha
Para o executivo, o produtor pode se antever aos problemas realizando as revisões e manutenções conforme dispostas no manual do fabricante. “O principal objetivo da manutenção é reduzir ou eliminar as possibilidades de falhas durante os períodos de atividade”, destaca.
Quando ocorrer necessidade de manutenção corretiva, ele deve contatar um concessionário ou posto de serviço especializado. Também se faz necessário contar com rede de distribuidores especializada, a qual é fundamental para realizar um diagnóstico preciso da falha e posterior reparo.
O trator exige uma série de cuidados para garantir seu funcionamento por longo período de uso. Para evitar dor de cabeça, Martins recomenda que o produtor faça uma inspeção diária, o que inclui a limpeza de filtros, verificação do nível de água do sistema de arrefecimento, eliminação da água do sistema de combustível e verificação do nível de óleo de transmissão e motor.
Cuidados com a eletrônica
Ivan Santos, gerente de pós-venda AGCO, salienta que é muito importante que operadores e proprietários tomem os devidos cuidados com seus tratores também no período da entressafra. Ele lembra que a eletrônica vem fazendo cada vez mais parte dos avanços nas máquinas agrícolas. E o maquinário conta com chicotes elétricos, fios, conectores e computadores, o que exige uma certa cautela.
“Evite ao máximo direcionar jatos de águas muito fortes a esses componentes. Após a lavagem, cuide para não deixar acúmulo de água ou excesso de umidade nos conectores e lubrificar os pontos graxeiros”, recomenda.
Outro sistema que merece cuidados extras é o de combustível. O uso de um bom combustível, com procedência conhecida e confiável, armazenamento controlado, filtros e óleos originais são essenciais para evitar surpresas desagradáveis, já que, muitas vezes, a troca desses itens só é lembrada no período que antecede a época de trabalho.
“O que mais está suscetível a falhas em um trator agrícola é o sistema de combustível (bomba injetora, bicos, filtros etc)”, afirma o especialista da AGCO. A principal explicação para isso é o uso de combustível de qualidade desconhecida ou velho e o não uso de aditivos biocida homologados pelo fabricante e de peças não-genuínas.
O executivo observa que o produtor precisa fazer as máquinas funcionarem regularmente para evitar longas paradas, utilizar combustível de qualidade, juntamente com aditivos recomendados. “É importante sempre utilizar as concessionárias dos fabricantes, pois possuem informações atualizadas, ferramentas especiais e técnicos capacitados”, ressalta.
Santos observa que, além das manutenções periódicas, é importante limpar a máquina após a utilização. Essa prática ajuda a prolongar a pintura, que, além da estética, tem função protetora dos componentes.
O diretor de serviços da New Holland, Giovanno Pretto, garante que, em geral, os componentes do trator agrícola que mais apresentam problemas são aqueles cuja manutenção regular não foi seguida dentro dos prazos indicados pelo fabricante.
“Há uma avaliação de todos os componentes para indicar o momento ideal para realizar inspeções ou manutenções. Quando esses procedimentos não são seguidos, é possível que tais componentes trabalhem em condições não satisfatórias, podendo ocasionar um desgaste prematuro e inesperado”, pontua.
O produtor deve ter atenção para realizar a manutenções e se antever aos problemas provocados pelo desgaste dos componentes seguindo os intervalos de inspeção e manutenção indicados pelo fabricante no manual de operação.
Aplicação correta
Atenção especial deve ser dada também aos fluidos, como óleo do motor, transmissão e radiadores. Rezende orienta que é importante certificar os níveis e verificar se eles estão dentro dos prazos de troca corretos. Também a questão de correias e periféricos do trator, ou seja, realizar uma revisão pré-plantio como garantia.
Além disso, o produtor precisa conferir itens como correias, cabos como embreagem, comandos (tratores com acionamento mecânico), fluidos e verificar todos os pontos como retentores de eixos e cubo para certificar que não há sinais de vazamento que possa se tornar uma parada no futuro para manutenção.
“Uma máquina parada por muito tempo pode apresentar alguns pontos de atenção, ou também após a utilização prolongada por uma safra ou plantio sem a revisão pós-atividade. Por isso, esses pontos são muito importantes para estarem no radar antes de uma nova etapa em operação”, ensina.
Ajustes em engrenagens
Os grandes componentes, como motor, transmissão, eixos e sistemas hidráulicos, que são responsáveis pela transmissão da força dos conjuntos para as rodas e sistemas de operação do trator, exigem manutenção preventiva. “A devida atenção e o cuidado nestes sistemas garantem a execução do trabalho com qualidade e aumentam a disponibilidade operacional”, afirma o gerente de tratores médios da John Deere, Paulo Verdi.
O especialista diz que tratores com embreagens secas podem demandar ajustes ou até a troca do disco para não gerar uma parada inesperada. A bateria e os filtros de combustível também são pontos a serem checados, caso o equipamento tenha passado por um período sem utilização.
A readequação do lastro e a adequação das pressões de pneus são quesitos importantes que não podem ser esquecidos. Se o trator estiver configurado para uma operação pesada e for para uma mais leve (ou vice-versa), é fundamental ajustar o peso do trator e as pressões de pneus. Trabalhar com lastro excessivo consome mais combustível e gera mais esforço nos sistemas de transmissão. Verdi lembra que pressões inadequadas dos pneus geram maior desgaste e compactação na lavoura. “Ainda observamos no campo muitos pneus radiais trabalhando com pressões indicadas para pneus diagonais, o que, além do desgaste, elimina o benefício do pneu radial no que diz respeito à redução da compactação”, avalia.
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