Por que a telemetria é a chave para a agricultura do futuro

Como a telemetria tem mudado o gerenciamento das operações no campo e como essa tecnologia deve ganhar ainda mais força com o avanço da inteligência artificial

por Ana Machado – Já amplamente usada no setor agrícola, a telemetria consiste na coleta e no compartilhamento remoto de dados. Esse processo se dá por meio de sensores embarcados nas máquinas agrícolas, que transmitem diversos indicadores em tempo real e facilitam o gerenciamento das operações no campo.

Os dados captados são enviados para uma central, na qual o gestor da fazenda pode acompanhar, por exemplo, a posição exata de uma máquina, a quantidade de equipes trabalhando, a velocidade dos equipamentos, a vazão de insumos aplicados, entre outras diversas informações, inclusive as condições meteorológicas e o status de produtividade.

Telemetria: o motor da agricultura de precisão

Informações que antes eram observadas apenas pelo olhar dos agricultores foram substituídas pela coleta digital de uma ampla gama de micro e macrodados de aspecto mecânico, agronômico e operacional. A telemetria, portanto, é a responsável por oferecer as bases consistentes que a agricultura de precisão (AP) exige.

E engana-se quem pensa que esse tipo de tecnologia está restrito aos grandes produtores. Já existem sistemas disponíveis no mercado que permitem a conexão de todas as máquinas agrícolas de uma propriedade, independentemente do porte e marca, em uma só plataforma.

Quando integrada a outras ferramentas de AP acopladas às máquinas agrícolas, como mapas de produtividade, monitor de colheita, sistema de navegação, piloto automático e aplicadores de taxa variável, a telemetria ajuda o produtor a fazer um verdadeiro raio X da lavoura e como otimizar processos.

Segundo ele, o sistema de telemetria torna os processos de produção mais assertivos por meio da gestão da conexão direta com o campo, pois ajuda a determinar melhores práticas, uma aplicação mais eficiente dos recursos, bem como a redução dos impactos ao meio ambiente.

O problema é que embora a telemetria ofereça um mar de oportunidades para otimizar o uso de recursos e maximizar os rendimentos das colheitas, também é importante considerar os desafios e limitações associados à sua implementação.

Guia para a manutenção adequada dos filtros das máquinas agrícolas

“É crucial reconhecer que a eficácia dessa abordagem depende da qualidade e da integridade dos dados coletados, bem como da capacidade dos agricultores de interpretá-los e de implementar ações corretivas de maneira eficiente”, pontua Sacomani, da Jacto Next. 

3 exemplos de como a telemetria aumenta a produtividade e reduz custos
1 – Decisões mais estratégicas

A partir do cruzamento das informações obtidas antecipadamente sobre as condições do solo, do maquinário e até mesmo das condições climáticas, o agricultor economiza tempo e dinheiro do plantio até a colheita, pois toma as decisões de forma mais rápida e baseada em dados.

2 – Manutenção preventiva

Um dos grandes benefícios da telemetria é o monitoramento e detecção de falhas das máquinas agrícolas. Os avisos sobre a necessidade de revisão e troca de peças reduz drasticamente os custos com manutenção e diminui o tempo de inatividade dos equipamentos.

3- Gestão completa da frota

Com a telemetria, é possível dimensionar de forma mais eficiente o maquinário necessário para uma determinada operação. Do mesmo modo, todas as tarefas podem ser rastreadas, com o gerenciamento da quantidade aplicada de insumos desde o plantio até a pulverização, bem como o consumo de água e de combustível.

O que esperar da telemetria para o futuro

Com tanta informação disponibilizada pela telemetria, o big data já é uma realidade no campo. O desafio para os próximos anos, conforme Diego Dalcolli, gerente de Indirect Channel Sales da Trimble, é transformar dados em insights.

Segundo ele, à medida que a demanda por alimentos e a necessidade de produção sustentável aumentarem, a telemetria desempenhará um papel cada vez mais relevante por fornecer as bases que serão analisadas pela inteligência artificial.

Assim como ele, Sacomani também acredita que a telemetria será o motor que irá impulsionar a revolução agrícola. Ele destaca que há muito espaço para novas descobertas, o que vai permitir uma gestão ainda mais inteligente e responsável com os recursos naturais.

“À medida que nos aproximamos de sistemas agrícolas totalmente automatizados e conectados, a telemetria se tornará a espinha dorsal de nossa jornada rumo à agricultura do futuro”, conclui.

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