O ano de 2021 começou bem diferente do que 2020 para o mercado do algodão. Entre os principais produtos do agronegócio, o algodão foi um dos mais impactados pela pandemia no último ano, tanto em relação ao consumo interno quanto às exportações. Mas de lá para cá, o cenário mudou. A comercialização interna do algodão se aqueceu e as indústrias voltaram a funcionar a topo vapor, assim como houve aumento nos embarques. Essa recuperação nas exportações começou a ser percebida já a partir do segundo semestre do ano passado.
Já em fevereiro deste ano, as exportações brasileiras registraram recorde para o mês, com um total de 235 mil toneladas comerializaas ao exterior, volume 38% superior ao mesmo período do ano passado. A expectativa da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e de outras entidades do setor é de que até o fim do ciclo que encerra em junho, as vendas externas da pluma brasileira atinjam entre 2,2 milhões e 2,3 milhões de toneladas.
Se os números otimistas se confirmarem, este será um novo recorde de exportação em uma temporada. “O algodão brasileiro vem ganhando espaço no mercado internacional pela sua qualidade e pela constância no fornecimento, além da seriedade que existe entre produtores e tradings para performar estes contratos. Um trabalho bem feito de longo prazo”, enfatiza Bernardo Souza Lima, corretor de algodão associado à Bolsa Brasileira de Mercadorias.
O resultado positivo é visto também nos preços. Há um ano, o indicador da Bolsa Brasileira de Mercadorias apontava para o valor do algodão em pluma em R$ 2,89 por libra peso, hoje, o valor é quase 80% maior. O preço do algodão no Posto São Paulo apareceu em R$ 5,16 na última sexta-feira, uma alta nominal de 78% em um ano. “O que tem formado os preços domésticos é a cotação internacional do algodão e o câmbio, além do quadro de forte demanda pelo algodão brasileiro”, explica o corretor. No mercado de câmbio, o dólar comercial bateu R$ 5,70 na primeira semana de março.
Em alerta, o mercado interno, que passou por grandes oscilações e drástica redução no ritmo especialmente no primeiro trimestre de 2020 e depois se recuperou, vê agora uma segunda e pior onda de Covid-19 no Brasil, mas, de acordo com Bernardo, o fator da sazonalidade da produção têxtil, menor para esta época, pode não provocar tanto impacto neste primeiro momento. Ao mesmo tempo, as fábricas brasileiras alegam dificuldade no repasse de preços da matéria-prima para o produto final e, com isso, começam a dar sinais de desempenho mais fraco nas vendas.
Em Nova York, a semana passada foi marcada por volatilidade especialmente em função das à questões macroeconômicas dos Estados Unidos. Depois de fecharem em queda na semana anterior, as cotações se recuperaram e depois cederam novamente, terminando mais uma semana no campo negativo. O contrato de Jul/21, por exemplo, fechou na sexta cotado a 88,67 U$c/lp, com queda na semana. Ainda assim o patamar atual de preços no mercado internacional é 25% mais alto do que aquele observado no período pré-pandemia.