O presidente da Abag se referia aos dados apresentados por Evaristo Eduardo de Miranda, coordenador da Secretaria de Acompanhamento e Estudos da Presidência da República, no painel “Expansão de Área para o Aumento da Oferta”. Segundo sua apresentação, de 1985 até 2006, a área ocupada pela agricultura no Brasil caiu 12%, recuando de 374,9 milhões de hectares, para 329,9 milhões de hectares. “E esse processo de perda de terras pela agricultura deve se acentuar ainda mais em função de demarcações de terras indígenas e obrigatoriedade de reserva legal. A percepção recorrente de que o Brasil tem ampla disponibilidade de terras agriculturáveis é um mito”, conclui Miranda.
Na avaliação dos participantes do Congresso da Abag, o desafio do agronegócio é continuar crescendo sem ocupar novas áreas. Nesse sentido, todos enfatizaram a importância da tecnologia para continuar com os ganhos de produtividade que possibilitam colher mais alimentos da mesma área plantada. Evaristo Miranda, técnico da Embrapa, apresentou dados sobre a perda de áreas disponíveis para a agricultura em função das áreas de conservação, terras indígenas e quilombolas. Enfático, citou que somente com o Novo Código Florestal serão, no mínimo, 45 milhões de hectares. Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), comentou sobre um estudo da Embrapa que analisou os fatores de expansão da pecuária brasileira entre 1950 e 2006, que aponta que o crescimento ocorrido na produção de carne no período foi decorrente do aumento da produtividade (79%) e da expansão da área (21%). “Se não houvesse esse incremento na produtividade, seriam necessários 525 milhões de hectares a mais para alcançar o nível de produção de carne existente”, explica.
Paulo Hermann, vice-presidente para América Latina da John Deere, também ressaltou o papel vital da tecnologia no aumento da produtividade, destacando a importância específica do sistema integração Pecuária-Lavoura-Floresta. “Com ele, é possível ter três safras no mesmo ano”, aponta. Para isso, Hermann, adianta que é importante ter gestão, processo e qualidade dentro da propriedade rural. “Esses conceitos precisam chegar ao agricultor porque plantar soja como era feito antigamente é bem diferente de plantar dois ou três tipos de cultura com ciclos mais curtos”, afirmou.
Além disso, segundo informou Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa, existe ainda muitas áreas já cultivadas cuja produtividade pode ser melhorada. Ele exemplifica: só no caso de milho, existem hoje 2,6 milhões hectares com baixa produtividade. O pesquisador também chamou a atenção para a necessidade de se reestrutura a área de assistência técnica para o produtor rural, que funcionava bem com a estrutura de extensão rural. “Nessa área, se faz necessária uma maior articulação entre os governos municipais e estaduais com o governo federal”, ressalta Assad.
Paralelamente a esse esforço de ganho de produtividade dentro da fazenda, a maioria dos participantes do 12º Congresso da Abag ressaltou que é fundamental os governantes reforçarem os investimentos em infraestrutura, que demanda tempo de maturação. “O gargalo logístico que afeta o agronegócio não será resolvido em apenas um ano porque não se faz uma obra nesse período. Será necessário, no mínimo, três a quatro anos para que os resultados comecem a aparecer. Isso é claro, se todos os investimentos anunciados resultarem em obras”, afirmou Afonso Mamede, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), durante o painel “As Oportunidades e as Dificuldades para o aumento da Oferta”.