Para que ocorram mudanças significativas na questão da infraestrutura e logística, outro participante do mesmo painel, José Ronaldo Vilela Rezende, sócio da PWC – Líder de Agronegócio, salienta que as instâncias governamentais teriam de agir. “O governo precisa ter coragem para quebrar algumas barreiras que impedem o avanço das obras e, com isso, agilizar os processos. Hoje, tudo é moroso e não dá para acreditar em mudanças repentinas para o próximo ano, apesar de irmos para uma colheita de 200 milhões de toneladas na próxima safra 2013/13, em condições normais”, acrescenta.
Para Carlos Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso (Aprosoja), não é por falta de recursos que o Brasil não possui uma infraestrutura e uma logística adequadas para atender as necessidades do agronegócio e, sim, outros fatores que dificultam o andamento das obras, como o licenciamento ambiental, a fiscalização dos territórios indígenas, os questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU), entre outros. “A vocação do Centro-Oeste, por exemplo, é exportar pelo Arco Norte. O desenvolvimento de hidrovias nos diversos rios navegáveis seria uma maneira eficiente e mais barata para escoar a produção”, analisa.
Jorge Karl, diretor-presidente da Cooperativa Agrária Agroindustrial ressalta que o Brasil está perdendo oportunidades com esse atraso na infraestrutura. “Além do modal de transporte ser inadequado, o custo logístico é muito alto, de 5 a 6 vezes mais caro se comparado com o custo para um produtor nos Estados Unidos ou na Argentina. Por isso, os investimentos são necessários, urgentes e deveriam ter sido para ontem”, conclui Karl.
A disponibilidade de áreas para a agricultura está concentrada na América do Sul e principalmente no Brasil. O continente africano possui terra, mas sofre restrições severas de escassez de água. Depois de décadas de preço reais cadentes nos alimentos, a partir de meados da década passada, o mercado deu uma reviravolta, disse Alexandre Mendonça de Barros. Temos de usar melhor o estoque de terras com melhores produtividades e recuperação dos solos degradados, afirmou Marcelo Brito, da Agropalma. Para Julio Pizza, da Brasil Agro, o governo deve atrair capital internacional para serem aplicados no agronegócio.
Na abertura dos trabalhos, Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa Brasileira de Logística, apresentou os projetos e os seus cronogramas de implantação. Para Yoshiaki Nakano, da FGV, os ganhos de produtividade proporcionados pela logística e infraestrutura melhoram a qualidade dos resultados econômicos, mas precisa haver agilidade no processo. Já o consultor e economista Alexandre Schwartsman colocou a questão da precificação das tarifas para efeito de cálculo da taxa interna de retorno das empreiteiras, de modo a não ocorrer paralisações e atrasos nos cronogramas, com necessidade de ajustes e renegociações dos projetos. O painel de políticas públicas exaltou a importância da valorização do setor privado na concepção de ações que não sejam reativas como normalmente acontece com as ações de governo.