Levantamento da Conab aponta expectativa de produção de grãos de 313,9 milhões de toneladas na safra 2022/23, cerca de 40 milhões de toneladas a mais em relação à safra de 2021/22
Mesmo enfrentando condições climáticas adversas, como o fenômeno La Niña, as lavouras brasileiras apresentaram boa produtividade no campo, o que deve refletir positivamente na produção de grãos. É o que aponta o 8º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo a Companhia, a safra 2022/23 deve alcançar 313,9 milhões de toneladas. Esse montante representa 41,4 milhões de toneladas a mais, estabelecendo um novo recorde na série histórica.
Confira novidades e lançamentos apresentados na Agrishow
O desempenho médio estimado nas lavouras também tende a ser o melhor já registrado, sendo projetado a 4.048 quilos por hectare, e ultrapassa a média estimada do ano safra 2016/17. Aliado às boas produtividades do campo, a área também deve apresentar incremento de 4%, podendo chegar a 77,5 milhões de hectares.
“Esse rendimento é atingido mesmo em um ano-safra sob influência do fenômeno La Niña, sobretudo no início da safra, mas em uma menor escala. Se compararmos com safra passada, o clima adverso teve impacto no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e parte do Mato Grosso do Sul. Já neste ciclo os efeitos foram mais concentrados no estado gaúcho”, analisa o gerente de Acompanhamento de Safras, Fabiano Vasconcellos.
Milho
Importante cultura na 2ª safra, o milho terá uma produção total de 125,5 milhões de toneladas, um aumento de 12,4 milhões de toneladas em relação à safra 2021/22. Na primeira safra, o grão ocupou uma área de 4,4 milhões de hectares e já teve sua colheita finalizada. A produção atingiu cerca de 27 milhões de toneladas, um aumento de 8,1% em relação à safra anterior, apesar dos problemas climáticos enfrentados no Rio Grande do Sul.
BNDES libera mais R$ 2 bilhões para financiamento em dólar
Para a segunda safra, espera-se uma colheita de 96,1 milhões de toneladas. A cultura já foi semeada e cerca de 74,4% das lavouras estão em fase de floração e enchimento de grãos. “Nesses estágios, o clima ainda é um fator preponderante e a Conab irá acompanhar o desenvolvimento da cultura”, pondera Vasconcellos.
Feijão
No caso do feijão, as boas condições climáticas registradas durante o desenvolvimento da 2ª safra da cultura impactam positivamente na produtividade refletindo numa maior produção esperada.
No Paraná, a melhora do desempenho das lavouras de feijão tipo cores chega a 16,2%, saindo de 1.687 quilos por hectare para 1.960 kg/ha, o que resulta num incremento de 6,3% na expectativa da produção no estado.
Já em Minas Gerais, outro importante estado produtor, além do aumento de produtividade houve uma maior área destinada para o grão. Assim, a nova estimativa para a produção total de feijão ultrapassa, ligeiramente, as 3 milhões de toneladas.
Arroz
Para o arroz, a produção estimada é de 9,94 milhões de toneladas, resultado da queda na área destinada ao produto, sobretudo no Rio Grande do Sul, maior produtor do grão.
Soja
Para a soja, a estimativa é de uma produção recorde em 154,8 milhões de toneladas, volume 23,3% superior à safra passada, resultado da melhora das produtividades e maior área plantada.
Algodão
Cenário semelhante encontrado para a cultura do algodão. O incremento de área aliado às condições climáticas que vêm favorecendo as lavouras, permite uma estimativa de produção de cerca 2,9 milhões de toneladas de pluma, elevação de 13,6% em relação à safra passada.
Culturas de inverno na produção de grãos
Dentre as culturas de inverno, destaque para o trigo, principal grão cultivado. É esperado um aumento de 7% na área plantada, podendo chegar a 3,3 milhões de hectares, enquanto a produção projetada para o cereal é de 9,6 milhões de toneladas.
Mercado
Com a previsão de uma produção recorde, as exportações de soja também devem atingir os maiores patamares já registrados. A estimativa de embarque é de cerca de 95 milhões de toneladas do grão. O óleo e o farelo de soja também possuem perspectivas positivas, sendo projetadas um envio ao mercado internacional de 2,6 milhões de toneladas e 20,66 milhões de toneladas, respectivamente.
Para o milho, o aumento da produção brasileira deverão elevar o volume de exportações do grão em 2023. A Conab estima que 48 milhões de toneladas sairão do país via portos. Já sobre a demanda doméstica, a expectativa é que 79,3 milhões de toneladas do cereal da safra 2022/23 deverão ser consumidas no mercado doméstico ao longo do ano. Ou seja, um aumento de 6,5%, em relação à safra anterior. Ainda assim, é esperado um incremento nos estoques de passagem do grão de 1,1%, projetado em 8,2 milhões de toneladas.