A mistura. No âmbito dos autoconsumos elétricos da central de biogás, a parcela dedicada à mistura é a mais importante e, portanto, representa um dos aspectos capazes de incidir na eficiência geral do processo. Sendo assim, é necessário escolher e dimensionar corretamente os misturadores na fase de projeto, enquanto na gestão os tempos de funcionamento devem ser atentamente calibrados.
As centrais de biogás de instalação agrícola podem dispor de reatores com fluxo a pistão (substancialmente sem misturar), reatores de fluxo horizontal (de formato cilíndrico ou paralelepípedo, cuja biomassa entra por uma extremidade e sai por outra e é misturada com dispositivos a pá) ou reatores completamente misturados, que são os mais conhecidos, cujo substrato é intensivamente mexido com misturadores e/ou bombas.
A seleção do misturador mais indicado depende do tipo de processo (etapa única, etapa dupla, de mistura completa ou horizontal etc.), das características do digestor (volume, conformação etc.), da composição da biomassa e, não por último, do teor de substância seca (s.s.) do material introduzido nos digestores, que, de qualquer modo, não pode superar 12-13% de sólidos em suspensão. Já a potência de mistura instalada por unidade de volume do digestor depende da forma do reator, mas, sobretudo, da concentração da biomassa presente: para esgotos com baixo teor de s.s., vai de 20 a 40 W/m³; para esgotos com sólidos de 8%, aumenta para 50-80 W/m³; e atingir 100-200 W/m³ para matrizes com conteúdo de s.s. ainda superior e na presença de impurezas. A mistura é mais eficaz quando se pode regular os períodos e a duração de sua execução, assim como a profundidade de trabalho dentro do digestor, que pode ser variada, por exemplo, mediante um guincho que desloca para a vertical o eixo principal ou modificando a inclinação de trabalho das turbinas. Embora não existam regras de caráter geral, os misturadores com motor interno se mostram cada vez mais versáteis nesse sentido, mais do que aqueles com motor externo, suscetíveis a intervenções apenas durante o tempo de funcionamento e, eventualmente, no regime de rotação. A escolha dos materiais de construção, quer do motor, quer das hélices/pás, deve necessariamente considerar que o ambiente de trabalho é altamente desgastante devido à presença de metano, e bastante corrosivo, sobretudo, por conta do conteúdo de hidrogênio sulfureto no biogás. A confiança nos misturadores deve ser máxima: principalmente para aqueles com motor interno, as operações de manutenção extraordinária ou de conserto/substituição podem comportar interrupção da produção de biogás e, nos piores casos, até o esvaziamento dos reatores.
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Importantes economias de exercício. Tenha em mente que uma mistura ideal pode ser conseguida com a presença simultânea de tipos diferentes de misturadores. Considerando uma valorização da energia elétrica equivalente a 0,50 R$/kWh, estudos recentes realizados na Alemanha evidenciaram que, em termos agrícolas, se gastam aproximadamente R$ 364 milhões/ ano somente para a mistura; intervindo com atenção, existe a possibilidade de reduzir tal ônus em até 70%; assimilando, por exemplo, esse dado à produção da Itália, que se baseia em uma potência total instalada de 380 MWe, que valoriza a eletricidade a 0,70 R$/kWh e considera um autoconsumo elétrico médio para mistura de 1,2% da produção total, obtém-se uma despesa anual relativa de R$ 26-36 milhões, portanto, com um potencial de economia de até R$ 18-19 milhões e, especialmente, redução da emissão de gás estufa de uns 1.400- 1.500 t CO2 eq/ano.