Absorção de conhecimento. A falta de qualificação profissional também é apontada pelos revendedores como um dos principais obstáculos para o bom aproveitamento dos treinamentos oferecidos pelos fabricantes. Odair Lopes da Silva, presidente da Associação dos Concessionários Yanmar (Assomar) e proprietário da concessionária Corujão, que comercializa máquinas da Agritech Lavrale em Aerado (MG), reconhece que, para colocar em prática os treinamentos, a revenda precisa ter pessoal plenamente capacitado. Ele acrescenta, porém, que “o desafio atual é que temos de formar profissionais desde a base. O mercado está com escassez desses profissionais [com boa formação de base]”.
Marcelo Utrabo, presidente da Emak do Brasil, que iniciou as atividades no País neste ano e vai estrear um novo programa de treinamento em setembro com linguagem adaptada à realidade brasileira, também enfatiza que “uma das dificuldades dos programas de treinamento é o alto índice de turnover do setor, o que faz com que um profissional hoje treinado amanhã já não faça mais parte do quadro de funcionários da revenda ou da assistência técnica”.
“É uma mão de obra em falta no mercado e que estamos sempre formando. Nos últimos dez anos, cresceu a demanda por esses profissionais e, com novas empresas chegando ao mercado nacional, o pessoal treinado vai embora, em busca de novas oportunidades. Ficou difícil encontrar gente, treiná-la e mantê-la”, complementa o diretor comercial da JCB, Nei Hamilton.
Entre os revendedores, outro grande desafio é manter as atividades funcionando normalmente enquanto parte da equipe está em treinamento e ainda equilibrar as finanças, uma vez que os custos de deslocamento até os locais das aulas, a hospedagem e a alimentação geralmente ficam por conta das empresas que enviam os funcionários.
“Como incentivo para atrair um maior número de participantes, começamos a custear o hotel. Assim, o investimento dos empresários das revendas se restringe ao deslocamento dos seus funcionários e a uma refeição à noite, pois as diárias incluem o café-da-manhã e nós servimos almoço na fábrica”, diz Merchan Giaxa, da Agritech Lavrale. “Este é um diferencial que poucos fabricantes oferecem”, defende.
A iniciativa já demonstra resultados positivos junto aos concessionários, como atesta Odair Lopes da Silva, da Corujão. “Contamos com o total apoio da fábrica, tanto na recepção quanto na hospedagem de nossos funcionários. Isso facilita a participação no treinamento, que é de fundamental importância para todas as lojas da rede, pois assim temos profissionais capacitados nas áreas de mecânica e vendas, falando com propriedade sobre os produtos apresentados.”
Os custos com deslocamentos, no entanto, não são os únicos desafios que precisam ser superados. Gerente administrativo da concessionária Iguaçu Máquinas, empresa que representa a John Deere em Rondonópolis (MT), Marcelo Gavinho, aponta que o fato de estar distante dos grandes centros obriga a concessionária a realizar um planejamento detalhado para não sofrer com a falta de atendimento no momento em que os funcionários viajam para serem treinados. “É uma equação complexa e uma das coisas mais difíceis de serem conciliadas. Precisamos fazer um planejamento muito cuidadoso para não ficarmos desfalcados, calculando as horas de treinamento e períodos de férias de outros funcionários, por exemplo.”
Mesmo assim, Gavinho tem certeza de que o curso facilita o trabalho dos técnicos, auxiliando na melhoria do desempenho. “Todos os dias temos pelo menos um funcionário da equipe fazendo treinamento, na fábrica ou por ensino a distância.”