Mudança de paradigma. Os cursos on-line, aliás, passaram a ser uma das ferramentas mais utilizadas para minimizar os custos dos concessionários. O gerente de treinamento de marketing da John Deere Brasil, Darci Teixeira, diz, no entanto, que ainda existem dificuldades, como a precariedade de acesso à internet em boa parte do Brasil. “Além disso, para muitos, o treinamento a distância ainda é um tabu: mas esse conceito, aos poucos, começa a mudar”, avalia.
Na JCB, os cursos a distância já são prerrequisitos dentro de um programa de treinamento mais amplo, inclusive com a realização de provas para testar o aprendizado. “A empresa disponibiliza módulos básicos sobre motor, transmissão, hidráulica e elétrica para os mecânicos realizarem em suas bases. Para participar dos cursos presenciais na fábrica, porém, eles devem tirar nota mínima 7 em uma avaliação”, conta o diretor comercial Nei Hamilton.
A organização dos programas de treinamento dos fabricantes de máquinas agrícolas se aprimorou até o ponto de algumas delas formarem estruturas de universidades corporativas, com áreas e profissionais dedicados exclusivamente à elaboração de conteúdos para material pedagógico, que vão desde vídeos educativos até a construção de salas de aula adaptadas de acordo com as particularidades das concessionárias ou dos clientes finais.
Um bom exemplo é a Web University, da Case IH. Trata-se de uma plataforma on-line capaz de indicar a necessidade de treinamentos por meio de questionários respondidos por profissionais das revendas e também da fábrica. “A partir das respostas, identificamos a necessidade de capacitar neste ou naquele ponto, onde haja deficiência de conhecimento”, esclarece José Roberto Camargo, coordenador de treinamento comercial da empresa.
A John Deere University também segue um modelo semelhante, com treinamentos a distância e presenciais focados nas áreas de vendas, serviços, peças e gerenciamento. Darci Teixeira, gerente de treinamento de marketing, conta que um dos diferenciais são os programas masters, em que pessoas de diversos países realizam atividades práticas no campo, proporcionando troca de experiências. Além disso, a companhia criou o Programa Multiplicar, que incentiva cada concessionário a ter um instrutor especialmente preparado para oferecer treinamento aos seus clientes.
Mais próximo. Junto com a implementação de cursos a distância, os fabricantes também apostam na aproximação com os concessionários. Assim, boa parte do conteúdo transmitido nos treinamentos já está adaptada para aulas longe das fábricas, com uma estrutura que pode se adequar a diferentes ocasiões.
De acordo com Utrabo, presidente da Emak do Brasil, “o novo sistema de treinamento da empresa contará com apresentação detalhada do produto, nas versões teórica e prática, com cursos realizados na fábrica e também por região. Sabemos das dificuldades de deslocamentos dos profissionais e, por isso, estamos contemplando diversos treinamentos regionais. Com isso, envolveremos mais profissionais em menos tempo”.
A Case IH, apesar de oferecer cursos on- -line e em três centros de treinamento – em Cuiabá (MT), Curitiba (PR) e Piracicaba (SP) –, também está investindo em um programa itinerante. “Sentimos a necessidade de ir até os clientes e montamos uma escola móvel em caminhão para ministrar cursos dentro das instalações dos próprios concessionários. Às vezes, o caminhão fica mais de uma semana em uma localidade, realizando treinamentos com centenas de profissionais daquele estabelecimento e de clientes finais. Foi uma maneira que encontramos para contribuir com a redução de custos dos parceiros”, pondera o gestor de treinamento da Case IH, Edgardo Legar.