Inseparável informática. Maykon Gomes avalia o conhecimento em informática como um importante requisito. “O notebook é a ferramenta mais usada para diagnosticar e até mesmo resolver problemas”, assegura. “A facilidade para lidar com tecnologia e informática é cobrada de nós. E isso não é só na empresa, mas também por parte do produtor rural, no campo mesmo”, enfatiza.
O gerente de Serviços da Shark Tratores, Everaldo Rodrigues, entende que o setor tem passado por grandes transformações, exigindo maior qualificação para o trabalho. “Os equipamentos evoluem muito rápido, e isso deixa os profissionais de áreas distintas bastante desatualizados”, afirma o gerente, que já foi mecânico. O mercado admite que a atualização profissional é um grande desafio na seleção de mecânicos e reforça o peso do RH no desenvolvimento de programas de treinamento customizados.
Instituições de ensino como a Ceft Bambuí (MG), a Etec Fernandópolis (SP) e o Senai de Ribeirão Preto (SP) já perceberam essa transformação estrutural e oferecem cursos técnicos de mecanização básica gratuitos, com duração que vai de seis meses a um ano e meio. Ao sair deles, muitos alunos tentam ingressar no mercado como trainees. Entretanto, essas aulas apenas inserem os interessados no assunto, não se mostrando suficientes para o desenvolvimento da carreira, para a dimensão de conhecimento técnico que se exige. “As escolas, além de muito poucas, formam profissionais apenas com noções rasas”, afirma Everaldo. A atualização necessária na maior parte dos casos só é adquirida quando se tem algum vínculo empregatício, o que reforça a ideia de que a educação no Brasil apenas prepara para o mercado, mas a formação de fato ocorre, no jargão dos profissionais de RH, in company, já que o mecânico, na maioria das vezes, não tem condições financeiras para se atualizar sozinho.
Para lidar com as mudanças constantes e a carência na qualidade da formação, as empresas reforçam os cursos periódicos. De acordo com o coordenador de Treinamento da Jacto, Rafael Arcuri Neto, “a preocupação na formação é ainda maior nos dias de hoje, pois um ajuste ou um diagnóstico preciso é muito importante, e não compromete a utilização ou qualidade do trabalho executado pelo equipamento”. Isso mostra que a aliança entre empresas e instituições de ensino é fundamental.