Instituições de confiança. O Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) é uma das instituições a que os fabricantes mais recorrem. Outras escolas também são parceiras, como a Faculdade de Horizontina (Fahor), do Rio Grande do Sul, e o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
A Jacto, além da parceria com o Senai na educação profissionalizante em mecânica, eletrônica e robótica, ajudou a fundar e utiliza a Fatec Shunji Nishimura, em Pompeia, onde há uma das poucas graduações tecnológicas em Mecanização em Agricultura de Precisão do Brasil. Lá, são oferecidas 80 vagas, divididas entre manhã e noite, e o único gasto que se tem é com a inscrição do vestibular.
Os treinamentos também mudaram, pressionados pela diversidade de produtos e pela tecnologia a serviço da formação profissional. De acordo com Rafael Arcuri, hoje as aulas são modulares e direcionadas. “São divididas, por exemplo, em elétrica, eletrônica, hidráulica e mecânica, e também em entrega técnica e operação”, comenta. “O foco do estudo é para o circuito de aplicação especificado. Por exemplo, curso de elétrica do Uniport 3030 ou hidráulica do Uniport 3030.” Ele afirma ainda que antes as máquinas eram mais simples e os cursos de capacitação tinham em média 40 horas. Hoje, a carga horária é de 200 horas.
O tempo de prática também conta. Everaldo Rodrigues diz que, para estar hábil, o técnico precisa de, no mínimo, cinco anos de experiência. “Os profissionais passam por vários estágios nas indústrias durante esse tempo. A demora é grande até que eles se tornem maduros e aptos”, complementa.
O longo tempo de experiência traz retornos. Everaldo avalia que esse profissional capacitado pode trabalhar em qualquer empresa agrícola sem dificuldade. Quando submetidos a treinamentos, os mecânicos ficam em sintonia com a tecnologia global, o que é fundamental, já que o Brasil dispõe das mesmas soluções utilizadas na Europa e nos Estados Unidos. Porém, tem que ter em mente que a área está sempre com novidades. “Todo dia surge um maquinário novo”, admite.
A Shark Tratores, por exemplo, gastou em 2013 cerca de R$ 150 mil com transporte, alimentação e hospedagem voltados a treinamentos. Apesar do valor alto, conseguiu atualizar apenas 40% da sua equipe mecânica, devido à indisponibilidade de vagas e à distância dos centros preparatórios. A empresa estima que em 2014 o budget suba para R$ 200 mil.
Everaldo salienta que, apesar de os cursos oferecidos pelas indústrias serem gratuitos, para participar deles o mecânico precisa ter noções básicas. São feitos testes on-line para avaliar a capacidade dos candidatos, que precisam ter 70% de aproveitamento. Caso não tenham, a Shark tem que enviá-los ao Senai, onde farão um curso pago de 15 dias. Lá, eles têm aulas de mecânica básica, hidráulica, metrologia, transmissões etc. Ao final do treinamento, são reavaliados. Se não passarem, o curso tem que ser refeito.