Financiamento ou consórcio?

Qual modalidade oferece melhores condições aos produtores rurais que desejam expandir produção ou adquirir novos equipamentos

POR LEONARDO GOTTEMS

A exigência de produzir mais e melhor tem “elevado a régua” da agricultura brasileira, levando a uma busca por mais tecnologia, melhores insumos e modernização do maquinário. Neste sentido, os financiamentos e consórcios podem ser os aliados que os produtores rurais precisam para dar esse salto de qualidade. 

“As grandes questões que surgem são: qual é a melhor modalidade? Que tipo de custeio é mais acessível? Como posso pagar menos juros? Afinal, como aproveitar as oportunidades que o mercado financeiro oferece? “

Para responder a todas essas perguntas, consultamos algumas das principais instituições financeiras do Brasil, bem como consultores e empresas que oferecem alternativas ao sistema bancário tradicional.

De acordo com o diretor-geral da Tekter Consultoria, Daniel W. Zacher, o financiamento agrícola no Brasil é originário tradicionalmente de recursos públicos, em especial os disponibilizados pelo Plano Safra, e os provenientes de agentes privados. O Plano Safra destina todos os anos recursos para custeio e investimento no setor através de diversos programas com características e focos específicos.

Opção tradicional: os grandes bancos

Roberto França, diretor de Agronegócios do Bradesco, aponta que o banco possui uma carteira tracionada de R$ 50 bilhões de ativos para o setor. “O Bradesco tem um portfólio para financiar desde a agricultura familiar até os grandes produtores, através de linhas do Crédito Rural com recursos obrigatórios ou livres e todas as modalidades de repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltados para o setor agro, bem como títulos do agro como Cédula do Produto Rural-Financeira (CPR-F), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), dentre outras opções para apoiar os investimentos de toda a cadeia produtiva do agro”, completa.

Superintendente de Agronegócios do Santander Brasil, Ricardo França cita que, “para financiamento de máquinas e equipamentos, a oferta mais completa é o Multiagro”. Nessa modalidade o produtor pode investir em máquinas, implementos agrícolas, aeronaves, projetos de armazenamento ou irrigação, aquisição de animais e projetos sustentáveis, entre outros, contando com a taxa flat zero. Para este caso, o prazo para pagamento é mais longo – até sete anos.

“As projeções macroeconômicas do banco indicam queda da taxa de juros nos próximos anos ­– previsão de mercado hoje – e sob essa perspectiva, ofertamos essa linha com taxa pós-fixada e que pode ser vantajosa aos clientes em dois ou três anos. Se considerarmos o prazo do Multiagro neste cenário de queda de juros, as nossas condições podem se igualar as de uma linha do BNDES, por exemplo”, diz Ricardo França.

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Na safra 2022/2023, foram disponibilizados R$ 340,88 bilhões, sendo R$ 94,60 bilhões para operações de crédito de investimentos, com destaque para os programas Moderfrota, ABC+, PCA, Pronaf e Pronamp. Deste total, R$ 72 bilhões estão direcionados para os grandes e médios produtores rurais e R$ 22,60 bilhões para a agricultura familiar, por meio do Prona
Daniel W. Zacher
Diretor-geral da Tekter Consultoria

O que levar em conta na hora da escolha (vídeo)

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Bom, mas acaba rápido

O governo brasileiro oferece dinheiro público para a aquisição de máquinas e implementos como tratores, colheitadeiras, plataformas de corte, pulverizadores, plantadeiras, semeadoras e equipamentos para beneficiamento de café. Os programas de financiamento mais populares variam de acordo com o tamanho do produtor rural: o Moderfrota é para produtores de maior porte, tendo taxa de juros prefixada de até 12,5% ao ano. 

Por outro lado, Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural, o Pronamp, é voltado para os médios produtores, com taxa de juros prefixada de 8% ao ano. Há ainda Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf, que pratica taxas de juros prefixadas de até 6% ao ano. 

Conforme dados da Carlos Cogo Consultoria, em 2021 o Moderfrota representou 74% da origem dos recursos para aquisição de máquinas e implementos agrícolas no Brasil. No entanto, cabe destacar que o protocolo de pedidos de financiamento nesses programas encontra-se suspenso em razão do comprometimento total dos recursos disponíveis, conforme informações do próprio site do BNDES.

Roberto França também afirma que a linha de financiamento mais demandada pelos produtores rurais é o BNDES Moderfrota, que tem o objetivo de renovação da frota de tratores e máquinas agrícolas. No entanto, o seu funding [o montante disponível para financiamento] se esgota logo na largada de todo plano safra devido ao seu custo financeiro atrativo e longo prazo das operações. 

“Assim, o Bradesco atua muito forte na modalidade do BNDES Crédito Rural, para o setor de máquinas e equipamentos agrícolas, e através do relacionamento com os principais parceiros comerciais da indústria do setor, bem como, através de reuniões estratégicas com os produtores rurais”, explica.

Criatividade é a palavra-chave

Existem versões alternativas e mais populares de financiamentos e consórcios. Alex Kalef, diretor-executivo da AgroPermuta, afirma que existem duas opções de planos de pagamentos para o produtor rural: o FINCAP, que é o Financiamento Capitalizado e o Financiamento AgroPermuta, uma opção mais tradicional. 

“O FINCAP Máquinas foi criado para esse propósito. O produtor rural paga 10 parcelas semestrais fixas e adquire o equipamento na metade do prazo contratado. É semelhante a um consórcio, porém, sem sorteio ou lance: após o pagamento da quinta parcela, o crédito é liberado para a compra do maquinário”, informa.

“O Financiamento AgroPermuta é outra opção. Usando a mesma entrada que ele daria diretamente a concessionária/revenda, o produtor rural tem acesso imediato ao total do crédito contratado. Nesta modalidade, vemos uma procura muito grande para compra de sistemas de irrigação ou para adquirir maquinário para pronta entrega”, complementa.

No Santander, além do Multiagro, ao longo deste ano o banco trabalhou bastante com uma linha exclusiva de consórcio para aquisição de veículos pesados e equipamentos agrícolas dado que as revendas ainda estão com prazos longos para entrega. Trata-se de um consórcio estruturado que atende a todos os valores, com uma taxa média de 1,9% ao ano. 

“Nossa proposta leva em conta os mecanismos de contemplação previstas em contrato com lances embutidos, prazos e mais de um grupo. O não pagamento de juros e as taxas atrativas fizeram definitivamente o consórcio se consolidar como um produto assertivo também para o agronegócio. Para se ter uma ideia, somente no primeiro semestre superamos os contratos fechados durante o ano todo de 2021”, diz Ricardo França.

“Os financiamentos com recursos públicos apresentam taxas de juros prefixadas, como no caso do Moderfrota, de 12,5% ao ano, e, do Pronamp, de 8% ao ano. O prazo de pagamento para itens novos é de sete anos para o Moderfrota e de dez anos, com carência de três, para o Pronaf. Porém, com a escassez de recursos desses programas, a alternativa são recursos de instituições financeiras cujas condições de financiamento variam de banco para banco”, explica ele. 

Quando se fala em prós e contras das modalidades, Kalef afirma que não existem pontos negativos, desde que o comprador tenha real noção da situação em que se encontra da sua necessidade. 

“Não existem contras, o que existe é a necessidade de cada produtor rural. Como mencionado, o FINCAP Máquinas é para o produtor que planeja comprar equipamento no médio prazo, enquanto o Financiamento AgroPermuta é para adquirir de imediato. Para ser elegível ao FINCAP ou ao Financiamento, o produtor rural deve ser produtor de grãos, com histórico de produtividade. Nossa esteira de crédito consegue analisar o cliente a partir do CPF, apenas”, conta. 

Na modalidade Moderfrota, diz Roberto França, do Bradesco, os atrativos são o custo financeiro e o longo prazo da operação. No entanto, o funding se esgota logo no início de cada ano safra, além do percentual de financiamento que é até 85% e atende produtores rurais com faturamento anual de até R$ 45 milhões. 

Na modalidade BNDES Crédito Rural, os atrativos são o funding contínuo, financiamento até 100% e longo prazo na operação, no entanto, o custo financeiro não é tão subsidiado e está mais próximo das taxas praticadas pelo mercado, mas para o produtor o custo é maior que o do Moderfrota. O principal ponto positivo, aqui, diz Ricardo França, é que o produtor já conhece o mercado financeiro e como ele funciona.

“Principalmente os médios e grandes produtores já estão muito adequados ao sistema financeiro e conhecem as linhas disponíveis. Se uma linha de BNDES vai demorar para chegar, por exemplo, o produtor sabe que existem alternativas com recursos livres. Podem ser mais caras, mas são as que garantem o crédito imediato. Assim, ele percebe a vantagem e a diferença no tempo, na utilização dos equipamentos”, indica o superintendente do Santander Brasil.

“Os financiamentos com recursos públicos apresentam taxas de juros prefixadas, como no caso do Moderfrota, de 12,5% ao ano, e, do Pronamp, de 8% ao ano. O prazo de pagamento para itens novos é de sete anos para o Moderfrota e de dez anos, com carência de três, para o Pronaf. Porém, com a escassez de recursos desses programas, a alternativa são recursos de instituições financeiras cujas condições de financiamento variam de banco para banco”, explica ele. 

Quando se fala em prós e contras das modalidades, Kalef afirma que não existem pontos negativos, desde que o comprador tenha real noção da situação em que se encontra da sua necessidade. 

“Não existem contras, o que existe é a necessidade de cada produtor rural. Como mencionado, o FINCAP Máquinas é para o produtor que planeja comprar equipamento no médio prazo, enquanto o Financiamento AgroPermuta é para adquirir de imediato. Para ser elegível ao FINCAP ou ao Financiamento, o produtor rural deve ser produtor de grãos, com histórico de produtividade. Nossa esteira de crédito consegue analisar o cliente a partir do CPF, apenas”, conta. 

Na modalidade Moderfrota, diz Roberto França, do Bradesco, os atrativos são o custo financeiro e o longo prazo da operação. No entanto, o funding se esgota logo no início de cada ano safra, além do percentual de financiamento que é até 85% e atende produtores rurais com faturamento anual de até R$ 45 milhões. 

Na modalidade BNDES Crédito Rural, os atrativos são o funding contínuo, financiamento até 100% e longo prazo na operação, no entanto, o custo financeiro não é tão subsidiado e está mais próximo das taxas praticadas pelo mercado, mas para o produtor o custo é maior que o do Moderfrota. O principal ponto positivo, aqui, diz Ricardo França, é que o produtor já conhece o mercado financeiro e como ele funciona.

“Principalmente os médios e grandes produtores já estão muito adequados ao sistema financeiro e conhecem as linhas disponíveis. Se uma linha de BNDES vai demorar para chegar, por exemplo, o produtor sabe que existem alternativas com recursos livres. Podem ser mais caras, mas são as que garantem o crédito imediato. Assim, ele percebe a vantagem e a diferença no tempo, na utilização dos equipamentos”, indica o superintendente do Santander Brasil.

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