Preço. Outro assunto que permanece sem definição é o preço de venda do S-10. O valor do S-50 nos últimos 12 meses aumentou 5,71%, passando de R$ 2,030 por litro para R$ 2,146, de acordo com pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“É um valor um pouco mais alto, mas compensa, porque, se não compensasse, ninguém compraria”, defende o diretor da Petrobras Distribuidora. Porém, a Petrobras não fixou qual será o valor praticado, algo que deve ocorrer no final de dezembro, quando a chegada do S-10 ao mercado estiver mais próxima. “Estudos são feitos para se saber quanto vai ser cobrado pelo S-10”, explica Sanches.
O produtor agrícola terá de aguardar para confirmar se o preço do S-10 será um entrave. O cenário que as indústrias do setor traçam é de incerteza porque, diante de um custo mais elevado pelo combustível, o agricultor pode optar por manter o uso do S-50. No entanto, outra equação também precisará ser pensada: “Com maior economia de diesel e menor custo de manutenção, a entrada do S-10 pode representar vantagens”, destaca Nilton Monteiro, diretor executivo da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA). Em meio à espera por essas respostas, o gerente de planejamento de produto da Jacto, Darci Mendes, acredita que “não só o S-10 vai ser utilizado, mas também será aprovado pelo agricultor”. Segundo Mendes, “quando for regulamentada a exigência, ele vai adotar, sim”. O executivo também aposta na preocupação ambiental do agricultor para motivá-lo a utilizar combustíveis menos poluentes.
A maioria das novas máquinas agrícolas já sai de fábrica com motores preparados para receber diversos tipos de diesel, inclusive o S-10. “Na nossa companhia não foi identificada nenhuma implicação para utilização desse combustível”, conta a diretora de engenharia de produto da AGCO para a América do Sul, Roseane Campos. Ela também informa que os motores que a AGCO produz “já estão liberados para utilizar de S-10 até S-100”, mas salienta que maquinários mais antigos terão de se adaptar. O diretor comercial da Petropuro Indústria e Comércio de Filtros, Fernando Fassina, argumenta que “terá de haver uma adaptação das máquinas mais antigas, pois elas foram projetadas para trabalhar com o diesel S-1800, o S-1500, o S-500 e o S-50”. Mas Kulpa Neto discorda: “Apenas a redução do teor de enxofre no diesel não exige adaptação”.
O que pode impulsionar o uso do novo diesel é a produção, a logística e a distribuição de acordo com as áreas definidas pela ANP, além do armazenamento adequado, mais uma questão delicada, já que, por ser um produto muito mais puro, o risco de contaminação é maior, gerando a necessidade de bombas e tanques separados para evitar a mistura com outros tipos de diesel.
“É uma questão muito mais política. Primeiro, a oferta desse combustível (S-10) deverá se preparar para o incentivo da utilização”, explica Roseane Campos.