Tratores médios: muita versatilidade e presença no campo

Modelos se destacam pela robustez, eficiência, economia de combustível e tecnologia embarcada

por Gustavo Paes – O Censo Agropecuário de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o número de tratores no campo cresceu 49,7% de 2006 a 2017, para um total de 1.228.634 unidades, o equivalente a 407.916 novas máquinas. Mais de 200 mil estabelecimentos passaram a usar tratores no período, alcançando um total de 733.997 produtores em 2017. O número era quatro vezes maior do que o registrado no Censo Agropecuário de 1975, quando havia 323 mil tratores em uso no campo no País. Os tratores médios, que possuem entre 80cv a 109,9cv, se destacam pela robustez, economia de combustível e tecnologia embarcada. “Eles podem ser usados em diferentes operações, como a pulverização, plantio ou no transporte de insumos e ferramentas”, afirma o instrutor de mecanização agrícola do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural gaúcho (Senar-RS), Marcos Hearter.

Na Massey Ferguson, os tratores médios vão de 100cv a 160cv e são desenvolvidos para desempenhar múltiplas tarefas dentro da propriedade, desde o preparo de solo, plantio, tratos culturais e até na alimentação do gado de leite e corte.

O coordenador de marketing de produto tratores, Eder Pinheiro, diz que o maquinário é indicado para culturas como arroz, grãos em geral, cana e também para a pecuária. O tamanho da área varia conforme a aplicação e/ou cultura. “Em alguns casos, o produtor possui apenas um trator na propriedade para várias tarefas, como também pode ter vários tratores para uma atividade específica, por exemplo, adubação na cana”, observa.

Pinheiro frisa que todos os tratores, de maneira geral, tiveram grandes mudanças, como a tração auxiliar, telemetria para monitoramento em tempo real, piloto automático, aumento de potência e cabine mais ampla e confortável, com comandos dispostos ergonomicamente. “Hoje, a máquina pode ser guiada automaticamente com o uso do piloto automático e acessada remotamente para que o agricultor tenha informações sobre seu funcionamento e desempenho por meio da telemetria”, salienta.

Mas o sistema de transmissão foi a principal evolução. Os tratores ganharam transmissões automáticas, opções mais eficientes e maior número de marchas, o que traz maior comodidade e agilidade durante a operação, como a utilização da tecnologia powershift, que permite a troca de marcha automática sem a intervenção do operador, facilitando a operação e fazendo com que os tratores tenham uma maior produtividade, alto desempenho e economia de combustível. Os tratores também receberam motores mais eficientes, com controles de emissões de poluentes, inclusive com injeção eletrônica, e monitoramento que ajuda a evitar falhas graves e aumentar a vida útil. “Esses benefícios resultam em maior produtividade das lavouras, com menor custo, além da facilidade que o operador tem para executar a mesma operação”, completa.

Tecnologias mais avançadas

O especialista em marketing de produto da Mahindra Brasil, Gilberto Dutra, observa que os tratores médios possuem sistemas e tecnologias mais avançadas, como, por exemplo, motores agrícolas adequados à legislação MAR-1, que entregam alto torque e consumo de combustível reduzido, sistemas de transmissão/caixa de câmbio com excelente escalonamento de marchas, TDP (Tomada de Potência) de pelo menos duas velocidades (540 + 540E). “São itens básicos que aumentam a versatilidade em campo”, afirma. O equipamento também recebeu sistemas de piloto automático e telemetria para gerenciamento do trabalho e/ou aplicação.

Os tratores médios são utilizados na produção de grãos e na pecuária, para trabalho de preparo de solo, plantio e pulverização, além de movimentação de carga por meio de carregadores frontais. “Modelos dessa categoria geralmente são utilizados por produtores de médio porte”, assinala Dutra.

Para o especialista de marketing de produto da New Holland, Juliano Perelli, os tratores médios são destinados a chamada agricultura intermediária, mas podem ser utilizados tanto por pequenos, médios ou grandes produtores. Suas configurações permitem a utilização de diferentes opções de implementos, que basicamente serão movimentados por tratores de variados tipos e especificações técnicas, desde transmissões mecânicas a transmissões hidráulicas e motores eletroeletrônicos, além de sistema de Agricultura de Precisão.

Esses modelos são utilizados em 90% dos cultivos, pois essa classe de potência se destaca pela versatilidade nas operações de campo, como grandes fazendas, usinas de cana e prestadores de serviço que necessitam desde o trator mais simples, com transmissão e motor mecânico, a tratores mais tecnológicos, com sistema de telemetria. “Os tratores médios são usados no preparo de solo, grãos, arroz, plantio, nivelamento de solo, transbordo de cana e cultivo florestal, entre outras operações”, explica.

Na John Deere, são considerados tratores médios os equipamentos que vão de 100cv a 200cv. A empresa possui duas linhas principais de tratores de médio porte produzidas no Brasil: a série 6M tem cinco tratores, com potência que varia de 135cv a 210 cv, enquanto a 6J conta com oito opções, que vão de 100cv a 210 cv. Algumas soluções da família 7J, também produzidas no Brasil, se encaixam em faixas de potência parecidas com as linhas 6M e 6J.

“No setor canavieiro, são muito utilizados para transbordo da cana colhida até o caminhão que transporta a produção à usina”, afirma. Pela grande gama de aplicações, a atuação dos tratores médios abrange quase todas as culturas – desde as mais tradicionais, como soja, milho, e cana, até culturas mais especializadas, como batatas, algodão e arroz. “Os tratores médios também são utilizados na pecuária para preparo e distribuição da alimentação do gado em sistemas de confinamento”, observa o gerente de produtos, Paulo Verdi.

Essa categoria de equipamento prevê uma ampla faixa de aplicação em área. Algumas culturas de alto valor agregado podem justificar um trator como o 6R ou o 6J com 50 hectares ou até menos, enquanto grandes produtores de grãos e cana, com mais de 100 mil hectares plantados, também possuem tratores de médio porte para algumas funções específicas, como aplicação de fertilizantes ou transbordo. “Nas fazendas de grãos do centro-sul do País, é bastante comum que o trator principal seja de médio porte em propriedades de 100 a 500 hectares”, declara.

Verdi diz que muitas das tecnologias que já estavam em uso foram solidificadas e atingiram novos patamares, com mais inteligência artificial, conectividade rural, aprendizado de máquinas e análise de dados.

“Os tratores médios podem atender todo tipo de operação, sendo versáteis e de grande utilidade em uma propriedade agrícola”, afirma o gerente de marketing de produto da Case IH, Lauro Rezende. Esses equipamentos podem exercer diversas atividades no campo, como arar, preparar o solo, cultivar e plantar. “As máquinas também podem trabalhar em outras áreas, como transporte e atividades de suporte à construção”, diz.

Independentemente do modelo, da potência e do tamanho do trator, a tecnologia é para todos. Geralmente, o médio produtor procura máquinas com recursos que aumentem a produtividade e a rentabilidade no campo. “Por isso, tecnologias, que antes só eram encontradas em grandes máquinas, hoje são disponibilizadas para tratores voltados para a agricultura de médio porte”, destaca.

Os tratores médios sofreram grandes mudanças. Quase que 100% dos modelos saem de fábrica com cabines fechadas. E as transmissões passaram de somente mecânicas a ter opções de ser semiautomáticas ou totalmente automáticas.

“Os tratores de médio porte são dotados da mesma tecnologia existente nas máquinas de grande porte sem deixar nada a desejar”, complementa.

Os tratores de média potência da Valtra possuem como características a alta especificação de transmissão.  Os tratores médios da marca são projetados para atender todas as aplicações no campo de preparo de solo, plantio, cultivo e colheita, conforme o diretor de vendas, Alexandre Vinicius de Assis.

Ele lembra que não existe limite para área de cobertura de um trator médio. O produtor pode ter várias unidades para realizar suas atividades no campo. Porém, uma unidade é adequada para uma área de até 300 hectares.

A principal evolução dos tratores médios foram as transmissões com maior número de marchas, sistema de reversores e embreagens desenvolvidos para atender todo e qualquer tipo de operações. “A telemetria também é um componente presente, embora ainda novo para essa categoria de tratores, mas o sistema de piloto automático, por exemplo, é um acessório desejado pelo operador”, diz.

Conforto para o operador

Os tratores médios da Agrale evoluíram no desempenho e conforto para o operador. Inicialmente, tratores desta faixa de potência ofereciam, no máximo, de seis a oito marchas à frente e duas à ré, sem sincronização. “Hoje, alguns modelos oferecem até 15 marchas a frente, com opção de inversor, proporcionando as mesmas 15 marchas a ré”, diz o diretor comercial e de marketing, Edson Martins.

As máquinas saem de fábrica com tomada de força independente com opções de velocidades, levante hidráulico de três pontos e múltiplas válvulas de comandos hidráulicos, para atender à demanda dos modernos implementos acionados hidraulicamente. “Amplas plataformas com alavancas laterais e comandos ergonomicamente posicionados diminuem a fadiga do operador, sem contar com as opções de cabinas climatizadas”, destaca.

Com a implementação do MAR-1, os sistemas de injeção de combustível e combustão sofreram alterações. A Agrale optou por manter motores com sistema de injeção puramente mecânico, menor custo, onde os limites de emissões são atendidos com alteração de ponto e aumento nas pressões de injeção de combustível. Há também opções de motores com recirculação parcial dos gases de escape e outros com sistema de gerenciamento eletrônico de injeção combustível.

Os tratores médios convencionais têm características de maior altura, pneus de maior dimensão, opções de bitolas e maior peso em ordem de marcha. São utilizados no preparo e cultivo do solo, plantio, pulverização, preparação de forragens e tração de carretas transportadoras. “Os modelos mais vendidos, sejam compactos ou convencionais, estão na faixa de 75 cv, com maior demanda para a opção de tração 4×2”, afirma Martins. 

Os modelos médios são adequados para operações em culturas permanentes, plantadas em fileiras ou latada, como uva, café, maçã e citros. Essas máquinas são indicadas para pequenas e médias propriedades, principalmente na agricultura familiar, com áreas inferiores a 100 hectares.

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