Expectativas versus burocracia. Se depender do tamanho da produção nacional de grãos da safra 2012/2013, que indica um recorde de 185 milhões de toneladas, superando em 11,3% a safra passada. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o ano tem tudo para ser ainda mais promissor para a indústria de máquinas agrícolas.
A produtividade e os bons preços da supersafra devem manter o produtor rural motivado a renovar o maquinário. A previsão é de que a renda no campo aumente cerca de 12% este ano. Aproveitando o bom momento do setor, as fabricantes de máquinas agrícolas direcionam os investimentos. “O foco está principalmente em desenvolver tratores e colheitadeiras mais potentes e com mais tecnologias para tracionar implementos cada vez maiores”, diz o vice-presidente da Anfavea, Milton Rego.
Na região de Campo Mourão (PR), os produtores de grãos que buscam plantadeiras e semeadeiras só conseguem encomendar os equipamentos para receber a partir de outubro, em função da forte demanda. “O crédito está chegando aqui pelos bancos ou pela cooperativa. Estando em dia com as obrigações no banco, não tem problema para financiar”, destaca Nelson Teodoro, produtor rural e presidente do Sindicato Rural do município.
Já na região de Sinop (MT), a oferta de crédito está restrita para os agricultores. “Os bancos oficiais estão exigindo o CAR [Cadastro Ambiental Rural], a propriedade rural tem de estar ambientalmente correta”, conta Ilson José Redivo, presidente do Sindicato Rural de Sinop. Ele explica que muitas propriedades ainda não estão regularizadas, porque aguardavam a aprovação do Novo Código Florestal. “A opção é obter crédito nos bancos privados, nos quais o laudo ambiental não é requisito para acesso ao crédito do PSI”, diz Redivo.
No oeste baiano, castigado pela maior seca dos últimos 50 anos, as aquisições de máquinas devem perder força com a quebra da safra. Segundo Sérgio Pitt, da Associação dos Irrigantes do Oeste da Bahia, a burocracia dos bancos públicos atrapalha quem busca financiamento de máquinas e o processo de análise de crédito precisa ser mais ágil. “A aprovação de crédito das linhas do BNDES é mais rápido pelo banco privado do que pelo banco oficial, porém o banco público muitas vezes tem taxas internas mais competitivas.”