Equilíbrio entre oferta e procura. Com os altos e baixos da agricultura, que tem ciclos bons intercalados com períodos fracos de produção, as empresas de implementos têm receio de investir e encontrar pela frente uma próxima safra ruim. Batista conta que no passado essa situação já gerou impactos negativos sobre a cadeia produtiva da indústria. Ele diz que, quando começavam a vender muitas máquinas, as empresas contratavam funcionários. Demoravam quase um ano para ampliar a capacidade de produção e, quando tudo estava estruturado, o mercado desaquecia, gerando custos de demissões. Apesar da consciência sobre a estratégia de produção da companhia, Batista lamenta: “A gente abre espaço para a concorrência externa, porque o produtor que está com dinheiro e não quer esperar compra máquina da Argentina e até da China”.
A Implementos Agrícolas JAN só tem máquinas para entregar a partir de outubro, mas quem encomendar hoje uma carreta graneleira só deve recebê-la no ano que vem. “Não temos mais prazo de entrega para este ano”, diz o gerente comercial da empresa, Claudiomiro Santos. O equipamento é usado tanto no plantio – para abastecer a plantadeira com adubo, como na safra – como no transporte de grãos, o que confere velocidade à colheita.
A JAN está ampliando o seu parque industrial para 35.000 m² e diz que planeja comprar máquinas para fabricação, mas prefere não divulgar o volume de investimentos. “A empresa precisa arriscar, mas tem que ter o cuidado de este risco não comprometer as finanças e o capital de giro”, diz o gerente.
Santos menciona ainda como agravante para a demora nos prazos de entrega dos pedidos a escassez de mão de obra, especialmente para as atividades ligadas ao agronegócio, e o tempo de fornecimento de peças importadas e alguns tipos nacionais. “Ocorre que os fornecedores são comuns a praticamente todos os fabricantes, e como todas as indústrias estão trabalhando no limite, isso acaba ocasionando um atraso em cascata”, conclui.
A entrega de peças importadas pode demorar até 180 dias, mas não é fator impeditivo para o aumento da produção de máquinas por aqui, diz o presidente da CSMIA/ABIMAQ. Na avaliação dele, com a indústria nacional de peças há maior flexibilidade de negociação, pois elas podem fazer jornada extra de trabalho.
A grande pedra no sapato – se é que se pode dizer isso – foi a explosão da demanda, com o crescimento médio de 20% das vendas em geral. Na região que desponta como produtora de grãos e é conhecida pela sigla de quatro Estados brasileiros, MAPITOBA (engloba Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), as vendas cresceram 100%.