Planejamento. Planejamento é a palavra de ordem. Para o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Francisco Maturro, “não adianta achar que vai encontrar máquinas na prateleira”. Ele diz que o agricultor tem se planejado melhor. “Como sabe que vai plantar em outubro e colher entre janeiro e meados de fevereiro, ele (o agricultor) se programa para comprar as máquinas.”
A fabricante de pulverizadores, colhedoras de café e adubadoras Jacto também aposta no planejamento para conciliar oferta e demanda. “O mercado deve buscar uma melhor eficiência de planejamento, seja desde a aquisição por parte do agricultor, do agente financeiro responsável pelo crédito, até toda a produção na indústria, a fim de evitar perdas de capacidade que impliquem em não atendimento das demandas”, afirma o diretor comercial da empresa, Robson Zófoli.
Por outro lado, a indústria de automotrizes declara não encontrar problemas para atender a crescente demanda. De acordo com dados da Anfavea, as vendas subiram forte. Entre janeiro e abril, o volume faturado de colheitadeiras cresceu mais de 50%, e o de tratores subiu 28%. “Se olhar os números, vai ver que a produção não é recorde. Nós não estamos produzindo com toda a capacidade, ainda temos 30% da capacidade ociosa”, afirma Milton Rego, vice-presidente da Anfavea.
Por meio da assessoria de imprensa, a Case New Holland diz que a maior parte do portfólio de seus produtos tem disponibilidade de entrega dentro do mês de faturamento. “As exceções são produtos de baixa procura ou de utilização muito específica, como colheitadeiras com plataformas diferenciadas e alguns produtos importados”, diz a nota. A companhia também informa que está fazendo investimentos para assegurar a disponibilidade de produtos e exige o mesmo de seus fornecedores. “Nos últimos dois anos, por exemplo, foram investidos R$ 804 milhões nas quatro fábricas da CNH aqui no Brasil.”
A demanda por máquinas agrícolas que começou a ganhar força em 2010 apresentou dois momentos. Na primeira fase, o produtor rural aproveitou para comprar máquinas mais pesadas, como tratores e colheitadeiras e, agora, investe em implementos. O vice-presidente da ABAG diz que as empresas de implementos, por serem menores, têm dificuldade de planejamento quando a demanda aperta.
Vem aí uma terceira fase de demanda: “Os produtores estão migrando para produtos de maior potência, isso porque o objetivo é antecipar a safra. É para plantar e colher mais rápido”, diz Milton Rego, da Anfavea. Maturro conclui que os investimentos na lavoura devem continuar. “A tendência é sempre de investir em máquinas de maior tecnologia, porque a agricultura em um país tropical tem uma janela muito curta entre uma safra e outra.”