Agricultura de precisão. Embora não tenham sido desenvolvidos com o objetivo de atender especificamente ao agronegócio, alguns componentes eletrônicos fabricados a partir da nanotecnologia já comprovam que também podem proporcionar ganhos significativos de competitividade ao setor, por meio da agricultura de precisão. É que, graças aos avanços dessa ciência, hoje é possível agregar e adaptar tecnologias para melhorar a eficiência da produção através das máquinas e equipamentos utilizados para tal. Segundo especialistas no assunto, a agricultura de precisão é um conceito de gestão que visa oferecer soluções sob medida às necessidades da plantação, desde o preparo do solo ao cultivo.
Sergio Bello Carvalho, diretor da Acople – indústria fabricante de implementos agrícolas situada em Tapera, no Rio Grande do Sul –, explica que, embora de forma indireta, a nanotecnologia contribuirá, e muito, com a agricultura, visto que a tecnologia incorporada em alguns equipamentos permite aprimorar a intervenção humana no campo. O executivo comenta que já existem muitas coisas novas à disposição do agricultor, por enquanto, oferecidas como opcionais. “Ainda não são utilizadas em grande escala devido ao custo, que é um pouco elevado. No Brasil, apenas 5% dos produtores se utilizam da agricultura de precisão. Mas isso é questão de tempo”, observa.
Quanto às máquinas e equipamentos que incluem programas e funções desenvolvidos a partir da nanotecnologia, podemos citar os tratores com computadores de bordo, sistemas automáticos de aquisição de dados, comunicadores RF, mapeamento espacial e em tempo real de características de plantio e colheita, sensores de análises químicas e biológicas e dispositivos inteligentes para a dispersão de agrotóxicos. Para dar alguns exemplos, Carvalho comenta sobre a tendência de as plantadeiras passarem a ser fornecidas, de fábrica, equipadas com monitores de plantio, que realizam a leitura da quantidade de grãos semeados, informando ao operador possível falha de calibragem, deficiência nas linhas de fertilizantes ou sementes, assim como o excesso da velocidade determinada para o plantio. “Ou seja, nesses monitores há sensores fabricados com a utilização de nanotecnologia”, explica.
E a partir da ação desses componentes é possível garantir um plantio uniforme, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Também nos pulverizadores a nanotecnologia está presente, no uso de sistemas como computador de bordo, GPS, controlador de vazão, sensores de altura e piloto automático, que permitem aplicar o defensivo na dose recomendada, sem sobreposição, falhas ou desperdício. Esse equipamento pode contar, ainda, com sistema de desligamento automático da seção, acionado cada vez que a barra do pulverizador se sobrepõe onde já houve a aplicação do produto.
“Esses componentes utilizaram-se da nanotecnologia para serem desenvolvidos, e em sua adaptação à agricultura de precisão proporcionam melhor cuidado do solo e economia na utilização dos produtos químicos em questão”, conclui Carvalho. Na finalização do processo, o produtor pode contar com colheitadeiras que também incorporam sensores que medem a produtividade e enviam as informações para um computador, de forma que se possa fazer a análise por setor, a fim de corrigir e nivelar a produtividade. Já a AGCO está inserindo a nanotecnologia em seu processo produtivo por meio da implantação de um novo sistema de pintura que, a princípio, está sendo realizado apenas nas colheitadeiras Valtra e Mafrei e em outros componentes que são fabricados na unidade de Santa Rosa (RS), mas com metas de se expandir para os demais produtos. Nanocerâmica é uma base ecológica que, aplicada às chapas metálicas das máquinas – antes da pintura –, aumenta a resistência à corrosão e proporciona melhor fixação e aderência da tinta.
“Os equipamentos em que utilizaremos essa tecnologia estarão à disposição de todos os clientes a partir de 2013”, adianta Henrique Dalla Corte, vice-presidente de Manufatura da AGCO América do Sul. Entre as vantagens que essa tecnologia trará ao produtor, ele ressalta a maior vida útil do equipamento e a redução de custos com manutenção.